Extratos da reunião de 11/11/2018

Mesa diretora: presidente Pilar Alvares Gonzaga Vieira, Acadêmico Sergio Alves Gomes e a palestrante do dia, Solange Batigliana 

O Acadêmico Clodomiro Bannwart Jr. conduziu as apresentações

A Acadêmica Fátima Mandelli leu o nosso Credo Acadêmico



Quando do início de um novo ano, os projetos de mudanças tornam-se prioridades, apesar de muitos a eles reagirem com uma emoção profundamente arraigada - com temor. De modo geral, esses temores giram em torno de problemas econômicos, sociológicos e fisiológicos. Em outras palavras, o dinheiro, as relações humanas e a saúde encerram a solução para maior parte das mudanças e para a maior parte dos temores. Quando analisamos essas condições, indicam todas elas temor às mudanças.
Através de sua longa história, o homem aprendeu mais sobre a razão do que sobre a emoção. Quando tranquilo, é ele, de modo geral, capaz de analisar uma condição existente, do ponto de vista puramente racional, e chega a determinadas conclusões como resultado da análise. As emoções, todavia, nem sempre são sensíveis à razão, estão estreitamente ligadas aos impulsos instintivos relacionados com a sobrevivência. Consequentemente, tem certa base biológica que as torna manifestas com um grau de intensidade fora do controle da razão.
O temor torna-se insidioso quando o homem usa a razão para criar as consequências do temor. Muito do que teme não se relaciona com as mudanças fora de seu controle, mas antes, com aquilo que, por seu raciocínio, poderá acontecer. Ele teme a bomba atômica; teme as revoltas sociais; teme a depressão e as incertezas econômicas. Todas essas coisas poderão não existir em um grau capaz de promover mudanças na vida do indivíduo. Porém se ele permitir que sua imaginação e razão criem as possibilidades dessas coisas no meio ambiente imediato, o temor irá se manifestar, anulando a consciência, a razão e o bom senso. Esse temor é insidioso; é destrutivo, e não criativo.
As reações emocionais ao temor foram dadas ao homem para protegê-lo, para auxiliá-lo a evitar o perigo real, e para fazê-lo compreender a existência em seu meio ambiente.
Atualmente, o temor que o homem cria em sua maneira de pensar, raras vezes chega a se concretizar porque são, quase sempre, artificiais. Podem ser reduzidos ao temor às mudanças ao desconhecido. Ele tem medo de que possa ter dor física e sofrimento, e que sua família e aqueles a quem ama possam se tornar vitimas de experiências como as que imagina para si próprio.
Quando se permite que o temor persista, a razão e o bom senso têm sobre ele tem cada vez menos efeito. Torna-se ele a mais poderosa força no interior do ser humano, porque a imaturidade emocional, isto e, a tolerância para que quaIquer emoção domine e controle sua maneira de pensar, cria uma condição que esta fora do seu autocontrole normal. As emoções tinham a finalidade de ser úteis ao homem, do mesmo modo que o são todos os demais atributos biológicos e psicológicos com que é dotado.
O problema do temor é semelhante a alguns outros que existem nos inúmeros setores do empreendimento humano. Ter medo de algo novo, de uma mudança ou do desconhecido, é criar uma causa de temor que não compreendemos perfeitamente. Em outras palavras, as mudanças e o desconhecido são manifestações da tendência e propósito do universo. A energia criativa, o poder do ser supremo, não são condições estáticas. Tudo cresce e evolui constantemente no universo.
As mudanças virão. Temê-las torna-nos menos capazes de promover as necessárias adaptações que exigem. Para combater com sucesso os temores, deverá haver uma autoridade em que se possa depositar confiança.
Tornar-se escravo de qualquer emoção é a coisa mais prejudicial ao homem em sua passagem peIa vida.
O que vimos e assistimos nas últimas eleições para Presidente do Brasil foram pessoas angustiadas, sem saber como fazer suas escolhas, temerosas com o possível resuItado das umas. Com medo da ditadura, de que um dos candidatos se eleito iria armar o país para combater a criminalidade, fazendo do País uma praça de guerra.
No entanto, apesar de algumas situações dramáticas, a tentativa de assassinato de um dos candidatos, as eIeições transcorreram de forma pacífica, com os eleitores manifestando democraticamente os seus direitos.
Temores houveram, mas felizmente a democracia e a ordem prevaleceram, e os piores temores não aconteceram.


Nosso Momento de Arte contou com a participação da cantora lírica Juliana Petrucci, acompanhada do Maestro Fernando Mourão, que nos brindaram com duas belas canções 


O coração: algumas particularidades
Acadêmico Pedro Kreling

Coração da mulher é diferente do homem?

Comprovou-se que o coração da mulher tem diferenças importantes em relação ao coração do homem. O coração da mulher bate, aproximadamente, 10% mais rápido que o do homem, de 60 a 80 batimentos por minuto e o do homem de 55 a 70 batimentos, com tendência a sofrer mais desgaste. A flexibilidade das artérias do co-ração da mulher é 20% maior e este fato pode ajudar ou prejudicar seu coração e adia o processo de entupimento e pode, em 30% dos exames para detecção da arteriosclerose, não conseguir determinar com precisão a exteriorização clínica do depósito de gordura.
O calibre das artérias coronárias na mulher é 15% mais estreitos (1,7 a 2,5 mm) do que no homem (2 a 3 mm), e elas estão mais sujeitas a entupimentos e torna mais difíceis alguns procedimentos, como o cateterismo e o implante de stent. Nas mulheres as gorduras tendem a fechar em menos tempo às artérias. No homem, as artérias primeiramente expandem as paredes arteriais para só depois entupir. Na mulher a obstrução é mais grave e a probabilidade de morte após o infarto é 50% maior. Os sintomas do infarto, em 70% dos casos, são menos intensos e mais difusos: dor nas costas, náusea, queimação no estômago, podendo ser confundido com outras doenças. No homem os sintomas são mais nítidos: dor no peito, vômito, sudorese, sendo mais precocemente diagnosticado. Quanto aos fatores de risco clássicos, na mulher o risco de doenças cardíacas é 5 X maior no diabetes, no homem 2 X maior; no tabagismo 4 X na mulher e 2 X no homem; na hipertensão 5 X maior na mulher e 2 X maior no homem; na obesidade 4 X contra 2 X; na depressão 5 X contra 2 X. O confronto é feito em pacientes com doenças, mas sem estes fatores.
Outros fatores para doenças coronarianas que só a mulher tem são: menopausa – o estrógeno tem ação vaso dilatadora e evita o acúmulo do mau colesterol, LDL. Quando este hormônio diminui, o risco cardíaco dobra com a chegada da menopausa. Nas mulheres com ovários policísticos (10%) há uma queda da produção do estrógeno (hormônio protetor do coração) e um aumento da testosterona (hormônio que reduz o colesterol bom, HDL). 
Com o novo corte na escala de Framingham, o número de mulheres com grande risco cardíaco subiu de 10% para 30% - o que, em números absolutos, representa 21 milhões de brasileiras. Os especialistas esperam que, com tais mudanças, um número maior de mulheres seja avaliado com mais rigor.
A nova cartilha foi elaborada de modo a atender a certas especificidades do organismo e do comportamento femininos. O uso da aspirina na prevenção de infartos é um bom exemplo. No caso dos homens, a recomendação do uso de aspirina é mais ampla; nas mulheres, mais restrita. O medicamento é indicado apenas para diabéticas ou pacientes com 65 anos ou mais que apresentam alta probabilidade de enfartar. O motivo é que os vasos sanguíneos das mulheres são mais finos e, portanto, mais suscetíveis a hemorragias, especialmente digestivas – um dos efeitos colaterais do remédio.
Além disso, por questões hormonais, o organismo feminino não reage à ação da aspirina com a mesma eficácia que o masculino. Outra curiosidade refere-se à indicação de exercícios físicos. Em 2002, sugeria-se a prática de meia hora diária de ginástica. Agora, a elas, indicam-se apenas vinte minutos por dia. Os especialistas optaram por reduzir o tempo dedicado ginástica na tentativa de incentivá-las a suar mais na academia. Apenas 10% das mulheres conseguem cumprir a meia hora diária de ginástica, preconizada na cartilha antiga. Entre os homens, a adesão é de 30%.
Quanto aos fatores de risco comuns a homens e mulheres, também aqui o sexo feminino é o mais prejudicado. O diabetes, o tabagismo, a hipertensão, a obesidade e a depressão são mais nocivos ao organismo feminino do que ao masculino. Além disso, as mulheres estão sujeitas a ameaças exclusivas. O uso da pílula anticoncepcional associado ao hábito de fumar, por exemplo, aumenta a síntese no fígado de fibrinogênio, substância envolvida no processo de formação de coágulos. Quanto maior a quantidade desses coágulos, maior o risco de entupimento arterial. Outro perigo surge com a chegada da menopausa. Nessa etapa, cai drasticamente a produção pelos ovários de estrógeno, o hormônio feminino por excelência. Enquanto o estrógeno é fabricado em grandes quantidades, as mulheres são duas vezes mais suscetíveis a ter um problema cardíaco do que os homens. Depois que as taxas do hormônio começam a cair, a vulnerabilidade feminina aos males do coração quadruplica. Os benefícios do estrógeno devem-se à sua ação vasodilatadora e ao seu poder lubrificante, que impedem o acúmulo de LDL (o colesterol ruim) nas artérias.
Como a ciência vem descobrindo, quando se trata do coração feminino, tudo pode sempre ficar ainda mais complicado (coisas que os homens, em geral, já perceberam há muito tempo). Descobriu-se não faz muito tempo que até o estrógeno pode comprometer a saúde cardíaca das mulheres. O aumento no movimento de distensão e contração dos vasos proporcionado pelo hormônio faz com que cerca de 30% dos exames de cateterismo para a detecção da aterosclerose não identifiquem com precisão a extensão de eventuais depósitos de gordura – o que pode prejudicar o tratamento de um infarto ou levar a cirurgias desnecessárias.
Além de mais finos, os vasos sanguíneos das mulheres são mais tortuosos, o que dificulta não só o cateterismo como outros procedimentos, entre os quais a colocação de stents para desentupimento arterial.
Até em relação aos remédios mais modernos, é nova a percepção das diferenças entre o coração masculino e o feminino. O primeiro grande estudo sobre a segurança das estatinas em pessoas saudáveis, de 1995, não contava com nenhuma voluntária entre seus participantes. Os remédios a base de estatinas são os mais usados em todo o mundo para diminuir o colesterol no sangue. Elas só começaram a aparecer nesse tipo de pesquisa em meados da década passada. Com os novos conhecimentos a respeito da morfologia e do funcionamento do músculo cardíaco feminino e de tudo que a ele se associa, é certo que serão criados exames e tratamentos apropriados para as mulheres.
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Nossa Academia recebeu com muita emoção a foto do nosso Fundador Presidente Dr. João Soares Caldas, cortesia do Membro Benemérito Dr. Luiz Parellada Ruiz
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Bullying e sua tipificação no
Código Penal Brasileiro
Aline Daniele B.de Jesus *
O bullying passou a ser tratado mais seriamente a partir de 1978, com o estudo do norueguês Dan Olweus. O gatilho para o estudo foi o suicídio de 3 garotos, que tinham entre 10 e 14 anos, e cuja a causa apontada foi o bullying. A partir de então, o que era considerado apenas brincadeira passou a ser tratado como agressão. 
O estudo de Olweus consistia na aplicação de um questionário entre professores, pais e alunos, para assim delimitar o bullying, suas características, ou seja, o que diferenciava o bullying de uma brincadeira, e qual o impacto sobre a vítima. 
Primeiramente, para ser caracterizado como bullying, é necessário que o ato aconteça de forma repetitiva. Deve-se observar também se o comportamento excedeu os limites do conflito normal. Estabelecido isso, o bullying pode ser identificado de três formas. Aqui cabe citar o autor Martin, que explica: 
“O bullying pode ser dividido da seguinte maneira: I) diretos e físicos, que inclui agressões físicas, roubar ou estragar objetos dos colegas, entre outros; II) diretos e verbais, que incluem insultar, apelidar, “tirar sarro”, fazer comentários racistas ou que digam respeito a qualquer diferença do outro; e III) indiretos, que incluem a exclusão sistemática de uma pessoa, realização de fofocas e boatos, ou ameaçar de exclusão do grupo com o objetivo de obter algum favorecimento.”
É preciso também se atentar para especificidade de cada caso, pois além de sua repetição, para que se caracterize como bullying deve haver um sentimento contrastante entre o agressor e o agredido. Enquanto a criança ou adolescente que pratica o bullying pode ter um sentimento de poder, o alvo e/ou vítima pode se sentir muito ferido a ponto de gerar danos psicológicos graves.
O bullying tem uma função para aquele que o pratica: a realização da afirmação de poder interpessoal por meio da agressão. Autores do bullying costumam agir com dois objetivos: primeiro para demonstrar poder, e segundo para conseguir uma afiliação junto a outros colegas. Há, também, a diferenciação de papéis. Deste modo, haveria os intimidadores que são os líderes ou seguidores; as vítimas sendo estas: passivas, agressivas, provocadoras, e vítimas que também intimidam os outros; e os participantes que são aqueles que reforçam a intimidação, os que participam ativamente dela e que poderiam entrar na categoria de intimidadores seguidores, aqueles que apenas observam, e os que defendem o colega ou buscam por ajuda.
Assim, temos as partes envolvidas na prática do bullying, são elas:
1. Autores / Agressores
São aqueles que frequentemente implicam com os outros, ou que batem, ou que lhes causam mal-estar sem uma razão aparente. Quanto às características pessoais, os agressores tendem a não se relacionarem bem com a escola e os estudos, aceitam violência, são hiperativos e tem tendências a depressão. São pessoas que acredita-se que as famílias tendem a ser pouco afetivas, agressivas e ao mesmo tempo permissivas.
O surgimento de comportamentos agressivos em diferentes fases da vida de um indivíduo pode determinar se será permanente ou passível de mudança. Se uma pessoa apresenta comportamentos violentos antes da puberdade, é mais provável que ela se torne um delinquente, ou agente criminoso, do que alguém que se envolveu com a violência após a puberdade.
No entanto, é possível que comportamentos anti-sociais sejam abandonados com a ajuda de um parceiro não-agressivo.
Portanto, comportamentos agressivos podem surgir na vida de uma pessoa de formas diferentes e em cada fase de seu desenvolvimento. O que significa dizer que enquanto a criança que age agressivamente devido a questões familiares, de auto-controle e problemas neuro-cognitivos, o adolescente adota essas atitudes influenciado por amigos e por seguir valores não convencionais, ou seja, é influenciado pelo ambiente externo.
2. Alvos / Vítimas
É o aluno exposto com grande frequência, e por um tempo, à ações que lhes causam mal-estar por parte de outro ou outros alunos.
Geralmente é inseguro, deprimido, com baixa sociabilidade e que sofre rejeição dos colegas por alguma diferença, podendo ser física ou mesmo racial, ocasionando nele uma aversão à instituição escolar. 
A vítima costuma ter poucos amigos e não consegue cessar as ações sozinho, tampouco pedir auxílio a outros, como sua família, por exemplo. As vítimas não utilizam se manifestar sobre os maus-tratos que vivenciam, seja por vergonha, ou mesmo por medo de receber punições, e também por não acreditar que as pessoas possam efetivamente ajuda-los. Elas apenas falam quando sentem que serão ajudadas e acolhidas de fato. 
3. Alvos / Autores
Dentre os alunos considerados autores, há os que também são alvos. Também apresentam baixa auto-estima, comportamentos violentos, insegurança, depressão, e acredita-se que praticam bullying com o intuito de mascarar tais características. São jovens que tendem a pensar em suicídio e com frequência apresentam distúrbios psiquiátricos.
São alunos que não possuem um círculo de amizade muito grande e geralmente não gostam da escola. Também sofrem algum tipo de agressão em casa e rejeição pelos pais. Tendem a ser de níveis sócio-econômicos mais baixos.
4. Testemunhas / Espectadores
As testemunhas são todos aqueles alunos que não se enquadram em nenhuma das três categorias já mencionadas, ou seja, são aqueles que presenciam a agressão mas se tornam omissos na ocasião. Apesar de não praticarem e nem sofrerem com os atos de bullying, convivem no mesmo espaço onde a agressão ocorre, podendo assim atrapalhar o seu progresso na escola. Esse grupo abrange a maioria dos alunos que não se manifesta por medo de ser o próximo alvo. Também não se manifestam por não saberem o que fazer, a quem denunciar e que atitudes podem tomar. Essa omissão faz como que os autores se sintam livres para continuarem mantendo seus comportamentos. Outra consequência gerada é a da própria testemunha se tornar autor para conseguir uma ascensão social. A manifestação das testemunhas contra bullying e sua não aceitação pronunciada dos ataques é muito importante pois é um caminho para a diminuição da frequência desse fenômeno, porque o autor não sentirá o apoio necessário para manter suas ações. 
O termo “Cyberbullying” corresponde às práticas de agressão moral organizadas por grupos, contra determinada pessoa e alimentadas pela internet. Com o aumento do uso de redes sociais, esse tipo de prática discriminatória tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, sobretudo, entre os jovens.
Em outras palavras, o “Cyberbullying” é um assédio moral que corresponde à manifestação de práticas hostis, via tecnologias da informação, com o intuito de ridicularizar, assediar e/ou perseguir uma determinada pessoa de forma exacerbada. 
Pesquisas revelam dados assustadores sobre ataques por meio da internet, em que um em cada dez jovens já sofreu um ataque virtual. 
As formas de vida contemporânea, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, se caracterizam pela vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter a mesma identidade por muito tempo, o que reforça um estado temporário e frágil das relações sociais e dos laços humanos. Essas mudanças de perspectivas aconteceram em um ritmo mais intenso a partir da segunda metade do século XX. Com a tecnologia, o tempo se sobrepõe ao espaço. Podemos nos movimentar sem sair do lugar. O tempo líquido permite o instantâneo e o temporário.
Produto dessa mobilidade, são relacionamentos vivenciados de forma superficial que reflete-se na vítima do bullying. A vítima não consegue encontrar apoio para superar a agressão, pois suas amizades, e até mesmo a família, estão mais presentes no ambiente virtual.
Assim, o bullyinng não se encerra no ambiente escolar. Ele acompanha a vítima nas redes sociais, expondo o agredido a um público muito mais amplo que aquele da escola. 
O pior nesta forma de bullying é que normalmente os agressores criam um perfil falso, mantendo-se no anonimato, sendo difícil sua identificação. A pessoa que comete o cyberbullying é denominado de “cyberbullie”. 
O direito deve voltar seu olhar para o bullying, e dar um tratamento adequado, pois tanto o agressor quanto a vítima, serão indivíduos que conviverão em sociedade. O agressor, com tendência a se tornar delinquente; e a vítima que pode tirar a própria vida.
Uma vez praticado, o bullying irá gerar a responsabilização civil e também penal do autor.
A responsabilidade civil se dá no sentido da reparação. Por força do art. 927 do Código Civil, ao autor cabe reparar os danos à vítima, moral e materialmente. Por exemplo: sendo afetado seu psicológico, a vítima certamente necessitará de tratamento, até por meio de medicação. Ao autor, cabe custear o tratamento.
Penalmente, deve se verificar a conduta praticada pelo autor. Cada conduta possui uma tipificação no Código Penal. Pode o autor praticar desde injúria até agressão. Portanto, o autor irá responder perante o Código Penal de acordo com a conduta praticada.
Como o bullying é geralmente praticado por crianças e adolescentes, o ECA é quem irá disciplinar a conduta.

* Acadêmica de Direito da Universidade Norte do Paraná - UNOPAR


Londrina, memória e preservação
Solange Batagliana *

A palestrante mostrou, através de imagens, vários imóveis antigos que fazem parte da história de Londrina, a maioria deles preservados e alguns tombados pelo Patrimônio Histórico (IPHAN). Dente eles, o primeiro registro no Livro do Tombo Municipal, que foi o assento do tombamento do prédio da antiga Casa da Criança, hoje sede da Secretaria Municipal de Cultura.
Prédio da Secretaria da Cultura de Londrina
Dados vêm sendo coletados e categorizados sobre o patrimônio histórico e cultural de Londrina, desde 2004, a fim de levar o conhecimento de forma facilitada e ampla aos interessados, ao mesmo tempo em que a memória de Londrina é preservada.
A Secretaria da Cultura criou também o Sistema de Informação Geográfica de Londrina (Siglon), que disponibiliza diversos dados no mapa interativo da cidade, para que pesquisadores, historiadores, estudantes universitários e de pós-graduações e a comunidade em geral possa acessá-las com facilidade, via site. O mapa apresenta símbolos coloridos correspondentes às informações referentes ao inventário de monumentos, inventário arquitetônico e inventário urbanístico-paisagístico. 
Nossa Vice Presidente, Acadêmica
Maria Lucia Victor Barbosa fez a entrega
do Certificado de Participação à palestrante
A cidade é um corpo que vive e está em constante mudança e atualização e não há melhor forma de fazermos a sociedade se reconhecer e cultivar sua memória, senão através da sua história, de seu patrimônio e mostrando como a cidade foi e como ela está.

* Diretora de Patrimônio Artístico e Histórico-Cultural (Secretaria Municipal de Cultura / Londrina), ex-Secretária Municipal de Cultura de Londrina de 2013 à 2016. Foi Diretora do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC) e d0 Fundo Especial de Incentivo à Projetos Culturais (FEPROC) entre 2003 e 2012. Atua na Prefeitura de Londrina desde 1991


Acadêmico Sergio Alves Gomes

No tópico final da pauta da reunião, “Palavra do Orador”, o Acadêmico SERGIO ALVES GOMES, Orador da ALCAL, ressaltou alguns pontos dos conteúdos apresentados e, a partir destes, introduziu outras reflexões, embasando sua comunicação em citações de  MONTESQUIEU (1689-1755), ERICH FROMM  (1900-1980) e CHARLES CHAPLIN (1889-1977).
Para destacar a importância da variedade temática presente na reunião do dia - fiel ao perfil da própria ALCAL, que abarca como objeto de estudo e difusão o inseparável tripé das “Letras, Ciências e Artes” - o Orador ressaltou a ideia de “espírito” trazida por MONTESQUIEU, em sua obra “ O Gosto” (título original: “Le goût”, tradução e posfácio de Teixeira Coelho. São Paulo: Iluminuras, 2005). Para este, “o espírito é o gênero do qual são espécies a engenhosidade, o bom senso, o discernimento, o senso de medida, o talento, o gosto” (pg.19).
Na sequência, salientou o Orador, que o célebre pensador francês expõe os motivos pelos quais a alma humana sente os “prazeres da variedade”, e assim afirma: “As histórias nos agradam pela variedade do que contam; os romances, pela variedade dos prodígios narrados; as peças de teatro, pela variedade das paixões; do mesmo modo, aqueles que sabem instruir modificam, tanto quanto possível, o tom uniforme da instrução. Uma uniformidade prolongada torna tudo insuportável” [...] A alma gosta de variedade; mas se gosta da variedade é porque, como dissemos, foi feita para conhecer e para ver: portanto, é preciso que ela possa ver e que a variedade lhe permita fazê-lo; quer dizer, é preciso que uma coisa seja simples o bastante para ser percebida e variada o suficiente para ser percebida com prazer  (pgs.27/28).
Diante disso, o Acadêmico Sergio Alves Gomes enfatizou a importância da variedade dos temas que ocuparam a reunião do dia, contribuindo para a realização e difusão do  autêntico “espírito” da Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina. Salientou - a partir das palavras iniciais da Presidente Pilar Álvares Gonzaga Vieira, sobre os múltiplos temores e angústia (decorrentes de riscos, inseguranças e possibilidades) que hoje  afetam a vida do ser humano – que de fato vivemos na chamada “sociedade de risco” (título de uma obra de ULRICH BECK, cujo título original, em alemão, é “Risikogesellschaft”, com tradução por Sebastião Nascimento. São Paulo: Editora 34, 2011) e que é necessário exercitar a virtude da prudência, nas tomadas de decisões. Virtude esta muito esquecida e menosprezada pela sociedade contemporânea. 
Ao elogiar a contribuição do Acadêmico Pedro Kreling, por sua científica e didática exposição sobre “O Coração: algumas particularidades”, o Orador invocou a obra de ERICH FROMM, “O Coração do Homem” (Título original: “The Heart of Man. Its Genius for Good and Evil”- tradução de Octavio Alves Velho, 6ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores,1981) onde a palavra “coração”, em sentido figurado, passa a nortear as tendências humanas para a prática do  bem e do mal.  É no contexto desta obra que FROMM, também conhecedor da Psicanálise, expõe os conceitos de necrofilia e biofilia. Diz ele: “Não há distinção mais fundamental entre os homens, psicológica e moralmente, do que entre os que amam a morte e os que amam  a vida, entre os necrófilos e os biófilos”. [...] Literalmente, ‘necrofilia significa ‘amor aos mortos’(assim como ‘biofilia’ significa ‘amor à vida’). [...] A pessoa com orientação necrófila é a atraída e fascinada por tudo o que não é vivo, tudo o que está morto: cadáveres, decomposição, fezes, sujeira.[...] Um exemplo nítido do tipo necrófilo puro é Hitler. Ele era fascinado pela destruição, e o odor da morte era-lhe doce. [...] Os necrófilos moram no passado, nunca no futuro. [...] O amante da morte necessariamente ama a força. Para ele, “a máxima realização do homem não é dar vida, porém destruí-la; o uso da força não é uma ação transitória que lhe é imposta pelas circunstâncias – é o meio de vida”. Mais adiante, Erich Fromm ensina sobre a biofilia , dizendo: “ O oposto à orientação necrófila é a biofilia; sua essência é o amor à vida em contraste com o amor à morte. Como a necrofilia, a biofilia não é constituída por um traço único, porém representa uma orientação total, uma inteira maneira de ser. Manifesta-se nos processos corporais da pessoa, em suas emoções, pensamentos e gestos; a orientação biófila  expressa-se no homem integral. [...] O pleno desabrochar da biofilia é encontrado na orientação produtiva. A pessoa que ama a vida completamente é atraída pelo processo da vida e do crescimento em todas as esferas. Prefere construir a conservar. É capaz de maravilhar-se, e prefere ver algo novo à segurança de encontrar confirmação para o velho. Ama a aventura de viver mais do que a certeza. Sua maneira de abordar a vida é antes funcional do que mecânica. Vê a totalidade em vez das partes, estruturas em vez de somas. Quer moldar e influenciar pelo amor, pela razão, pelo exemplo; não pela força, partindo as coisas ou pela forma burocrática de administrar gente como se fossem coisas. Desfruta a vida e todas as suas manifestações, em vez de apenas a excitação”.
Em suas palavras, o Orador acentuou que o conhecimento, a reflexão e a beleza da arte musical que compuseram o conteúdo da reunião, nos convidam  à construção e defesa  de uma cultura “biófila”, de amor e defesa da vida e de tudo o que é belo. Sobre a beleza, citou a seguinte frase de CHARLES CHAPLIN: “A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la- mas, quem consegue, descobre tudo”. (In: O Pensamento Vivo de Chaplin. Rio de Janeiro: Tecnoprint). Do mesmo grande gênio da sétima arte citou outra frase que serve de alerta para as consequências que já sofremos atualmente em uma cultura que exalta o progresso da ciência e da tecnologia, sem dar igual ênfase à formação moral dos indivíduos. Sobre isso afirmou  CHAPLIN: “ O homem é um animal com instintos elementares de sobrevivência. Por conseguinte, desenvolveu primeiramente a sua engenhosidade e só depois a sua alma. Assim, o progresso da ciência tem sido muito mais rápido do que o da conduta moral do homem” (Op. Cit. pg.92).
Por último, retomou o pensamento de MONTESQUIEU, para frisar o quanto alguém pode se inspirar para uma grande ideia, a partir de alguma ideia exposta por outrem. E assim, contribuir com novas ideias por ter sido levado à reflexão sobre temáticas que foram percebidas em tal exposição. A tal respeito citou a seguinte frase do filósofo francês: “O que suscita em nós uma grande ideia é quando alguém diz uma coisa que nos leva a pensar num grande número de outras coisas ou quando somos levados a descobrir de repente algo que só poderíamos esperar descobrir depois de uma grande leitura” (Op.cit. pg.23). 
Dito isso, o Orador manifestou a satisfação que, certamente, todos os presentes à reunião podem sentir pelo que viram e ouviram, em termos de reflexões (ideias), ensinamentos com base científica e expressão artística que compuseram a agenda de mais uma memorável Reunião Ordinária da Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina. Encerrou sua comunicação,  agradecendo pela atenção de todos.
            

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