Extratos da reunião de 08/07/2018

Mesa diretiva: a presidente Pilar Alvares Gonzaga Vieira, ladeada pela 
Acadêmica Maria Lucia Victor Barbosa e o palestrante do dia, 
Prof. Daniel de Oliveira Figueiredo

Nosso Mestre de Cerimônias,
Jonas Rodrigues de Mattos

Leitura do Credo Acadêmico, pela
Acadêmica Fátima Mandelli



Os Elementos do Caráter
Acadêmica Pilar Alvares Gonzaga Vieira

“O caráter é produto das ações, das palavras e dos pensamentos de cada dia e cada hora: é o perdão, o altruísmo, a bondade, a simpatia, a caridade, os sacrifícios pelo bem dos outros, o empenho contra as tentações, a resignação ante o infortúnio. Tudo isto, como a combinação de cores num quadro, ou a harmonia de notas na música, é que constitui o homem.”
J. R. Macduff 

Somos o que pensamos. Em nossos pensamentos encontram-se todas as possibilidades de êxito, ou não, em nossas vidas. Foi-se o passado, e o presente foi criado pelos pensamentos e ações do passado. Nosso amanhã será como o construirmos com os pensamentos de hoje. Por conseguinte, pensamentos sublimes e elevados edificarão um grande e nobre futuro.
Há uma crença popular de que tudo que quanto se precisa fazer é alimentar pensamentos construtivos, a fim de se criar um futuro propício, porém este não é um procedimento assim tão simples. Mais do que isto, o caráter dos nossos pensamentos e ideias influenciará nosso futuro.  Por conseguinte, a nobreza de caráter e os elevados ideais morais influenciam profundamente o modo como encaramos a vida.
Na vida interior de cada um de nós, nosso caráter e nossos padrões morais afetam intensamente nosso progresso e desenvolvimento interior. A menos que nos esforcemos pelo que de melhor concebemos em pensamento e atitude, nosso desenvolvimento será lento e pouco recompensador. Isto não quer dizer que devemos ser perfeitos em nossos pensamentos e atitudes, mas antes, que devemos nos esforçar por aprimorar-nos de todos os modos possíveis.
É espantoso como restringimos nosso desenvolvimento, com nossos conceitos de certo e errado, de bem e de mal, de modo que a verdadeira personalidade, não encontra oportunidade de nos revelar a verdade da vida.
Devemos empenhar-nos em seguir nossa própria luz, sem preconceitos e com uma perspectiva verdadeira de nós mesmos em relação a nossos estudos e aspirações.
Muito frequentemente, impedimos nosso desenvolvimento em todos os níveis de vida, por causa de nossas concepções falsas de certo e errado. Nada é tão eficaz para dissipá-los do que uma perspectiva verdadeira da vida.
O caráter se encontra sempre em formação. Nossos pensamentos dominantes, nossos ideais e aspirações interiores, bem como nosso comportamento, estão constantemente moldando nosso caráter em novas e mais sublimes formas, a medida que seguimos os nossos mais altos ideais de vida.
Todavia, muito frequentemente, nos desvíamos do nosso objetivo na vida, permitindo que objetivos menos importantes e problemas diários se tornem dominantes em nossa consciência. Isto influencia profundamente nosso caráter de um modo que mais tarde lamentaremos.
Quando, a outros nos associamos num grupo, inúmeros aspectos do nosso caráter e de nossa personalidade colocam-se imediatamente em evidência, em razão das intensas vibrações estimuladoras. Ocorre um desafio, para que se revele o melhor do que sabemos e podemos realizar. Empenhamo-nos em mostrar nosso melhor comportamento e conservamos à parte muitas das pequenas idiossincrasias de nossa natureza. Sentimos uma especial preocupação em nos distinguirmos, e isto constitui importante aspecto de nosso trabalho de grupo. Deve haver um esforço da parte de cada qual, no sentido de dar o melhor de si mesmos, pois a íntima atmosfera criada na associação de um grupo harmonioso é bastante eficaz para estimular e desenvolver os aspectos mais nobres do nosso caráter. É surpreendente a rapidez com que o desenvolvimento ocorre quando um estudante se reúne a um grupo de companheiros, em especial entre os que estão iniciando seus estudos.
Devemos nos lembrar, porém, que no grupo, alguns poderão manifestar a tendência de reagir de um modo a que todos devemos estar atentos, pois surge a inclinação a nos tornarmos vaidosos e arrogantes em razão de nossos conhecimentos. Devemos, portanto, tomar a precaução de não nos tornarmos egocêntricos, sabichões e incômodos, pensando que conhecemos muito mais que os outros componentes do grupo.
No desenvolvimento de nossa personalidade e conhecimento do mundo, das coisas e das pessoas com quem convivemos, a humildade é a diretriz mais importante e proveitosa para todos os nossos pensamentos e ações.
A humildade de caráter constitui uma característica indispensável para o progresso e o verdadeiro servir.
Frequentemente deturpamos a finalidade e o propósito dos estudos a que devotamos nossas vidas. O fim último do conhecimento é prestar eficiente serviço à humanidade.
Por conseguinte, estejamos sempre atentos às responsabilidades de aprendermos e compreendermos e de servimos com humildade.
Que a beleza radiante e a amorosa harmonia de nosso caráter, possa brilhar sempre para iluminar o caminho, e que o serviço por nós humildemente prestado, possa verdadeiramente refletir as qualidades do nosso ser e nosso caráter.  



Nosso Momento de Arte contou com a apresentação da pianista Flávia Harumi Miashyta, que nos brindou com músicas de Dave Brubeck e Chiquinha Gonzaga. Flávia é aluna do maestro Fernando Mourão.








A FALSA NEOESQUERDA BRASILEIRA
Acadêmica Maria Lucia Victor Barbosa *

A esquerda brasileira é uma quimera. Característica não apenas nossa, mas que aparece na América Latina e tem causas que podem ser encontradas, inclusive, no afã de justificar nossos fracassos fazendo contraponto aos países capitalistas, notadamente, os Estados Unidos. 
Na teoria da dependência consta que somos pobres porque os ricos capitalistas nos exploram. Desculpa reconfortante para fugir de nossas responsabilidades e creditar a outros nossas desgraças.  Desse modo, a tática da vitimização encontra nas falsas promessas da esquerda a sedutora utopia da igualdade
Para a imposição da mentalidade esquerdista são criadas massas de manobra, sendo o alvo principal a juventude doutrinada na escola e, principalmente, na universidade. Sem maturidade para cotejar os fatos à luz da realidade os cérebros juvenis absorvem ralas noções marxistas e, sobretudo, palavras de ordem. Aprendem que ser de esquerda significa ser bom, defensor dos pobres, possuidor de caráter ilibado. Na direita está a “elite” maldosa, seguidora de um tal de neoliberalismo, opressora dos pobres e oprimidos que necessitam dos paladinos da esquerda para salvá-los em nome da causa, ou seja, da fé.
Não é transmitido aos jovens os horrores do comunismo, sistema que matou milhões de pessoas, sequestrou a liberdade, reduziu a maioria à miséria enquanto uma casta dirigente usufruía do poder e seus inerentes privilégios e, que por fim, fracassou. Na América Latina são, entre outros expressivos exemplos do que pode fazer a chamada esquerda para a desgraça das populações, Cuba e Venezuela.
No Brasil, o governo petista depois de quase 14 anos no poder afundou o país economicamente e corrompeu valores, tendo chegado à decadência por contas da ganância, da incompetência e da corrupção institucionalizada.
Além das massas de manobra existem também os oportunistas, que se dizem de esquerda para obter vantagens nas universidades e nos empregos loteados pelo PT por todo País. Não faltam além disso as espertas lideranças partidárias e os candidatos populistas, que em campanha são de esquerda desde criancinhas.
Note-se que nenhum de nossos partidos, esses trampolins para se alcançar o poder, se apresentam como de direita. Para evitar o estigma de fascistas ou coisa pior preferem se dizer de esquerda, centro-esquerda, centro e, no máximo, de centro-direita.
Esse esquerdismo é totalmente falso porque não temos partidos ideológicos, mas, sim, clubes de interesses. Além do mais, a chamada esquerda virou uma mistura de opiniões politicamente corretas que nada tem a ver com o marxismo.  Alguns neoesquerdistas chegam a se declarar cristãos, o que deve fazer Karl Marx revirar na tumba.
O PT, que sempre foi considerado o maior partido brasileiro de esquerda, nos seus congressos nunca conseguiu definir qual era seu socialismo.
Seria o PDT um partido de esquerda? Seu candidato à presidência da República, Ciro Gomes, conhecido por seus destemperos, grosserias e insultos está no sétimo partido e mantém os pés em duas canoas: a considerada de esquerda e a que é vista como de direita.
Marina, PT de coração, esqueceu a ecologia e aceita na Rede qualquer “peixe”. Ela se tornou a menina dos olhos de FHC (PSDB), que depois de destruir a candidatura de João Dória à presidência da República parece desgostoso com o fraco desempenho de Geraldo Alckmin.
Curiosamente, o pré-candidato do PC do B ao governo do Rio de Janeiro, Leonardo Giordano, admitiu que seu partido considerado de extrema esquerda apoiou a administração do ex-governador e atual presidiário, Sérgio Cabral (MDB) e do ex-prefeito, Eduardo Paes (DEM). A combativa deputada, também do PC do B, Jandira Feghali, foi secretária da Cultura na gestão de Paes.
Muitos são os exemplos da falsa esquerda e no momento o que se vê é uma matéria gelatinosa de todos os partidos buscando freneticamente entre si alianças das mais esquisitos. Esquerda? Que nada. O que existe apenas é o lado de cima.
* Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

_____________________________________________


Cuidado com o Estado de partido único
Acadêmica Ludmila Kloczack

Ao indagar se os Estados Unidos correm o risco de se transformar numa tirania, o autor assinala que os americanos que criaram os fundamentos da Democracia
americana, acreditavam que sim. Por isso, cuidaram em criar um sistema cuja lógica visava mitigar as conseqüências das imperfeições reais, e não celebrar, nem se iludir, com a perfeição imaginária. Nas palavras de Wendell Phillips, abolicionista americano, “o preço da liberdade é a eterna vigilância” e acrescenta que “ o maná da liberdade popular deve ser colhido a cada dia, ou apodrece”.
Democracias surgidas após a Primeira Guerra Mundial (e da Segunda), ruíram quando, numa combinação entre eleições e golpe de Estado, um partido único se apossou do poder. Quando nazistas, fascistas e comunistas venceram eleições, utilizaram-se, em seguida, de uma combinação de espetáculo, repressão e ‘tática do salame’ – ao cortar, uma a uma, as fatias da oposição, para obter a hegemonia do poder.
O autor lembra que os alemães que votaram no Partido Nazista em 1932, não imaginavam que seriam privados do voto até 1945, quando a Alemanha perdeu a Segunda Guerra. Do mesmo modo, o Partido Comunista Tchecoslovaco, ao obter o poder pelo voto, aboliu a Democracia e manteve-se no poder até o colapso do sistema em 1989. Mais recente, os russos que votaram em 1990, não imaginavam que seria a última eleição livre e limpa da história do país, pois a oligarquia russa surgida depois dessas eleições, continua no governo e promove uma política externa destinada a destruir a Democracia em outros países. Nos Estados Unidos, a oligarquia transforma-se em ameaça à medida que a globalização aprofunda a desigualdade econômica e fornece aos muito ricos maior liberdade de expressão e mais poder de voto que os outros cidadãos.
Nas palavras do autor, é preciso corrigir o sistema eleitoral, incluindo “votos de papel, que não podem ser adulterados remotamente e sempre podem ser recontados”.
Snyder, T. Sobre a Tirania: vinte lições do século XX para o presente. 
1ª. Ed.; São Paulo:
Cia das Letras. 2017 ( 3º. Capítulo)
_____________________________________________


Um roteiro para a leitura de charges
DANIEL DE OLIVEIRA FIGUEIREDO *

As charges são, notadamente, um instrumento argumentativo largamente utilizado em diversos meios de comunicação e em diversos cenários diferentes. Algumas vezes encarada como apenas uma crítica bem-humorada à fatos do cotidiano, as charges, em uma leitura mais apropriada e especializada, desempenha papel fundamental na constituição e formação da opinião das pessoas em muitos assuntos, inclusive assuntos bastante delicados.
As famosas Charges de Maomé (promovidas por um jornal dinamarquês), o caso do periódico francês Charlie Hebdo em 2015, o atentado à liberdade do chargista adolescente da Folha de São Paulo e várias outras situações deflagram o potencial argumentativo dessa modalidade de gênero verbo-visual (característica de uma linguagem híbrida) e toda sua força crítica na defesa de determinada opinião.
Dadas essas idiossincrasias, um roteiro para leitura de charges é apropriado para uma reflexão mais precisa e aprofundada desse recurso imagético, vista sua importância em nossa sociedade contemporânea. O roteiro se articula em três eixos, com oito elementos constitutivos.
O EIXO DE BASE possui os elementos da situacionalidade, em que se percebe o cenário e conjuntura da situação que é referida na ilustração, e a contextualização, etapa em que analisa-se elementos que constituem o contexto de publicação e produção da charge.
O EIXO DE ESTRUTURAÇÃO revela algumas perspectivas criativas e formais da construção da charge, como a dimensão visual (elementos da linguagem visual, como utilização de cores, formas, texturas e traço estilístico do artista); a dimensão textual (recurso muito presente nos balões e títulos); uso de caricaturas e estereótipos (reconhecimento dos personagens ali descritos e as noções de grupos sociais e políticos representados); e as relações intertextuais (recurso muito usado na constituição das mensagens que se constroem em uma relação explícita ou implícita com outros textos).
Entrega do Certificado de Participação
ao palestrante, pela Acadêmica
Dinaura G. Pimentel Gomes
Finalmente, o EIXO DE ARGUMENTAÇÃO engloba a análise do efeito político causado pelo humor da charge no leitor e a opinião que é revelada na articulação de todos esses elementos em harmonia, culminando na crítica global que é percebida.

*Formado em Relações Públicas
Doutor em Estudos da Linguagem
Professor do Departamento de 
Comunicação da UEL 







Os Acadêmicos
 Sergio Alves Gomes
e Marco Antônio Fabiani
externaram suas opiniões a respeito
do tema apresentado
pelo palestrante,
contribuindo para o debate