Extratos da nossa reunião de 11/02/2018

A presidente Pilar Alvares Gonzaga Vieira com a palestrante do dia, 
Acadêmica Neusi Berbel

Nosso Mestre de Cerimônias, Jonas Rodrigues de Mattos,
comandou as apresentações

O Acadêmico Edson Mascchio procedeu à leitura 
do nosso Credo Acadêmico 

PALAVRA DA PRESIDENTE


A Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina, em nome de todos seus acadêmicos presta nesta manhã homenagens póstumas aos fráteres ROBERTO BARROS e DONATO PARISSOTO que fizeram a transição para o outro lado da vida.
São a Vida e a Morte um Mistério?
É Verdade que os dois maiores mistérios da existência são os que constituem o começo e o fim de nossa vida terrena. O mistério da concepção celular, seu crescimento e desenvolvimento em uma forma viva não é apenas um mistério biológico, mas igualmente um mistério cosmológico e universal. A separação da consciência e da alma do corpo, na transição, também é um mistério espantoso quando somos por ele confrontados.
Milhares de pessoas tentaram encontrar a causa da chamada Morte e milhões de outros devotaram seu tempo para descobrir os meios de evitar a prematura ou aparentemente desnecessária separação entre corpo e alma. Entretanto, foram poucos os que dedicaram seus pensamentos ou parte deles, aos outros mistérios que estão intimamente relacionados com as horas ativas, vitais de nossas vidas e que representam o espaço de tempo entre o nascimento e a transição.
A morte faz parte da vida. Todos começamos a morrer exatamente no dia em que nascemos. A morte, portanto, é uma etapa de nossa existência com a qual temos de conviver e aceitar a sua inevitabilidade.
A morte não é exclusiva dos que já gozaram um grande período de vida nem é coisa para ser temida.
Haverá, por acaso, alguém tão tolo a ponto de imaginar, por mais jovem que seja, que viverá até o crepúsculo de sua existência? A morte é comum a todas as idades. Quando esta chega tudo se desvanece ficando somente aquilo que é alcançado por meio da virtude e das boas ações, seja qual for o tempo de vida.
Se vivemos mais tempo não temos direito de reclamar, como não o têm os trabalhadores de ir ao encontro da primavera e chegarem ao verão e ao outono. Primavera sugere juventude e anuncia a colheita próxima. As outras estações são apropriadas a colheita dos frutos e tudo que esteja de acordo com a natureza deve ser aceito como bom. Por que então devemos temer a morte?
Os clássicos da Antiguidade tinham grande preocupação com a transição, ou seja, com a morte e muitos filosofaram a respeito. Pitágoras nos proíbe de abandonar a luta da vida sem ordem do comandante que é Deus.
Enio disse: “Que nada me honre com lágrimas, que o pranto não entristeça meus ritos fúnebres. A morte é um preâmbulo da imortalidade e não há razão para luto”. A naturalidade da morte é uma lição que deve ser aprendida desde a juventude. Quem não aprende jamais gozará de tranquilidade de espírito.
Aprendemos com Pitágoras que possuímos uma alma emanada da inteligência Divina e Universal.
No discurso feito por Sócrates, em seu último dia de vida acerca da imortalidade da alma, ficou assinalado que a alma está sempre em movimento sem que haja uma causa externa (ela se move por si mesma). Ademais, não sendo sua natureza humana, mas sua essência pura e indivisível ela é imperecível.
Como disse Santo Agostinho, “a morte não é nada, apenas transpomos o portal para o outro lado da vida”.
Geralmente as pessoas, mesmo as mais evoluídas espiritualmente, se revelam pesarosas ante a transição de um ente amado. Compreendem que a consciência do falecido cruzou o portal e elevou-se a Deus. Contudo, o que traz sofrimento é a perda imediata daquela intimidade, da companhia física (o antigo sorriso, o aperto de mãos, a voz, os passos familiares) e isso realmente afeta as emoções. O caráter, a personalidade e o jeito da pessoa viva fazem parte da mesma sendo difícil dissociar estas coisas da alma.
Recordemos as palavras de Epíteto, o filósofo estoico antigo: “O que é a morte? É uma máscara trágica; Virai-a e examinai-a. Como vedes ela não morde. O pobre corpo tem de ser separado do espírito, agora ou mais tarde, como dele estava antes apartado” ...
“Passai, então, por vosso curto período de tempo em conformidade com a natureza e contentes encerrai vossa jornada, assim como a fruta que cai quando está madura, abençoando a natureza que a produziu e agradecendo a árvore onde cresceu”.
Nada mais natural e nada mais aterrorizante do que a perda física de um ser amado.
Por que um homem é lembrado muito tempo após ter terminado a sua existência mortal?
Porque produziu impacto nos acontecimentos de sua época e nos assuntos de pessoas que intimamente o conheceram.
A morte faz parte da vida. Todos começamos a morrer exatamente no dia em que nascemos. A morte, portanto, é uma etapa da nossa existência com a qual temos que conviver. Podemos conviver melhor ou pior com ela. Mas não podemos evitá-la.
Nós todos vamos morrer. E, acreditem ou não, esse é um evento tão natural quanto nascer, crescer, constituir família. No entanto, a ideia da finitude desta vida nos enche de pavor.
O medo da morte nos força a viver, ou seja, a nos relacionarmos, a procriarmos, a criarmos, a construirmos coisas que nos transcendam.
Na ilusão da imortalidade o ser humano deseja que suas obras sejam permanentes e garantam que não seja esquecido. Cada um adapta sua própria maneira à máxima: “plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho”. Isso ocorre porque, no nosso inconsciente a morte nunca é possível nem admissível quando se trata de nós mesmos.
Desde os tempos mais remotos, os homens já viam a morte como elemento antagônico a Vida – e não parte integrante e inseparável dela. “A cada dia, vivemos a cada dia morremos” – Willian Shakespeare.
É preciso abandonar a ideia de que, como quase tudo neste mundo, também somos finitos, ou seja, basta estar vivo para estar sujeito às leis da existência que determinam o seu próprio término.
As perdas que acumulamos ao longo da vida podem tanto potencializar o nosso medo da morte, como nos ensinar a conviver melhor com a finitude. Vivemos pequenas perdas todos os dias. Uma separação, uma demissão, a morte de um amigo, a notícia de uma doença incurável. Nada dura para sempre, inclusive nós, em nossa natureza mortal.
A morte não deve ser vista como uma dor particular. Ela vem para todos e deve ser vista como uma das etapas de nossa existência.
“O importante não é o momento do nascimento nem o da partida, mas o caminho que percorremos desde o dia do nascimento até nossa partida da terra”. O que realmente tem valor são as marcas de nossa personalidade e de nossas obras, de conseguir finalizar mais tarefas e pedir mais perdões ao longo da vida. Só assim se vive de modo mais pleno e se pode morrer mais serenamente, rompendo com os hábitos de deixar certas decisões para amanhã, depois de amanhã e assim por diante.  O que podemos fazer hoje não se deixa para depois: O momento seguinte a Deus pertence.
Após estas reflexões sobre a efemeridade da vida e como encarar o seu encerramento neste plano, me vêm as seguintes questões: quanto tempo perdemos? E quanto tempo ainda vamos perder? Porque nos falta tempo? porque acordaremos cedo amanhã? Com excesso de zelo, excesso de cautela, excesso de fé na ideia de que sempre pode ficar para amanhã?
A vida nos proporciona certos sopros de liberdade e estes tornam a vida mais feliz, pois a partir deles as regras que cotidianamente seguimos para termos uma vida social mais harmoniosa tornam-se menos intransponíveis.
Estes sopros dos quais falo são momentos que muitas vezes consideramos banais, mas que fazem a diferença para levarmos uma vida menos pesada como, por exemplo, ir ao cinema em plena terça-feira; comprar uma passagem pouca horas antes do voo e partir só com a roupa do corpo; ligar dizendo a alguém que sente sua falta, que sente muito, que sente que pode ser agora...enfim, formas de se aventurar nas quais costumamos colocar barreiras e que, posteriormente, podemos nos arrepender de não as termos feito desse modo.
Como numa certa canção: “vamos viver tudo que há para viver, vamos nos permitir... pois não há tempo que volte”.

Acadêmicos DONATO PARISSOTO e ROBERTO BARROS, duas personalidades únicas.
DONATO PARISSOTO era a expressão da alegria e trazia consigo um largo sorriso contagiante que envolvia a todos. Professor de português de primeira ordem e poeta primoroso, amava presentear as pessoas com poesia.
No dia 14 de janeiro de 2018, nosso querido fráter fez a travessia para outro lado da vida.
Acadêmico ROBERTO BARROS, médico dedicado e amoroso com seus pacientes possuía, além da responsabilidade com a profissão, paixão pela literatura e, em especial, por Camões. Sempre que tinha a oportunidade de ocupar a tribuna ele exaltava seu poeta favorito.
Ambos, por sua leveza de alma foram recebidos pelas hostes celestiais.
E por temos convivido com suas mais relevantes qualidades podemos afirmar que esta é uma espécie de imortalidade, a qual não pode haver dúvidas porque ela se constitui em realidade evidente. Suas obras perdurarão como prolongamento de suas mentes e personalidades.
Lembremos que um dia todos nós morreremos e a memória de nossas vidas desaparecerá totalmente da terra.
Também seremos amados e esquecidos. Mas, basta esse amor, pois todos os impulsos do amor voltam ao amor que os criou. Nem a memória é necessária se existe amor.
Há a terra dos vivos e a terra dos mortos e é a ponte do Amor que constitui a única sobrevivência, a única significação.
Encerremos com a leveza do Poeta Carlos Drummond de Andrade... 
“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, nos esquivando do sofrimento perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional”.
 Pilar Alvares Gonzaga Vieira
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DESTAQUES ACADÊMICOS
"Falar e Dizer"
Acadêmico José Ruivo
A Acadêmica Ludmila Kloczak leu o texto preparado
pelo Acadêmico José Ruivo (à direita)

Falar:   →   Da antiga sabedoria popular portuguesa aprendemos:
    “Palavra leva-as o vento...” e
    “Até os papagaios falam...”
    Os antigos latinos diziam:
    “Res, non verba”
    (factos não palavras)

Dizer:   →   Só o pode fazer aquele que tiver algo (ideias ou factos e mesmo sabedoria) para o transmitir; para o comunicar a outrem.

Quando se é velho, a memória, que alguém já disse ser a vivência dos velhos, nos recorda factos e situações outrora vividos, e que, ao repetirem-se na actualidade, as novas gerações, geralmente ignorantes da história, supõem ser fruto dos modernos tempos.
Estes pensamentos são frequentemente suscitados por artigos, crónicas ou notícias que, publicados nos meios de comunicação, muitas vezes alinham uma profusão de palavras, neologismos inventados ou vocábulos de uso  incomum (que apenas procuram demonstrar uma falsa  erudição) que em nada contribuem para a edificação de um pensamento lógico ou coerentes em sua comunicação.  Um exemplo: em recente artigo li pela primeira vez ao fim de 88 anos de leituras a palavra “pirobologia”.  Fui ao dicionário de língua portuguesa e aprendi que:
Pirobologia: é um substantivo feminino que significa Pirotecnia, e tem origem no grego das palavras pyrololos, que significa canhão, + logos −que significa tratado + ia.   O autor referia-se ao gosto de usar fogos de artifício.  
Apenas igualam, e o digo simbolicamente, a capa vermelha de um toureiro que, agitada em frente do touro, o levam ao engano, escondendo em suas dobras a espada que irá matar o incauto animal.
Nos casos em presença, a espada mortal é a doutrina que, em mentes não habituadas ao raciocínio lógico, que permite distinguir o trigo do joio, as levam por caminhos irreais conducentes à mentiras, à ilusão e ao caos nas ideias e no pensamento; ao encontro da espada que matará o ser humano na sua condição de homem livre, consciente do seu Ser e do seu Eu, transformando-o num simples animal irracional.   Então o que importa é o prazer, o alimento, o sexo, a alienação momentânea gerada pela droga alucinogénica; o pensamento não interessa mais; o outro é para meu serviço, o que me permite demonstrar o meu poder.   Davide Rockfeller dissera já: “O exercício do poder absoluto tem um efeito orgasmico”.  Tinha então 80 anos...
Em presença daqueles textos, muitas vezes recordo três histórias que ouvi há mais de quarenta anos. Uma delas é um facto real, acontecido no Ultramar Português; as outras duas não tenho tanto a certeza de que teriam acontecido.
A primeira delas se teria passado na antiga China, quando ainda era possível expor e defender o livre pensamento.
Dois chineses discutiam acaloradamente um determinado assunto, contrapondo seus diferentes argumentos em defesa de suas teses. Esta troca de palavras se prolongava já por bastante tempo adquirindo um alto grau de emoção.
Um ocidental que assistia ao caloroso debate, comentou: em nossos países, a emoção e a veemência deste debate, já teriam levado os contendores a uma luta corporal.
Um chinês, que ouvira o comentário, disse por sua vez:  “Na China se entende que, aquele dos dialogantes que recorrer à força física pela agressão, confessa que não tem mais argumentos em defesa de suas ideias”. Reconhece então que a razão está com a outra parte. Confessa que a verdade não está com ele.
Em presença dos artigos encontrados nos jornais ou outra mídia, verificamos que não possuindo mais argumentos lógicos em defesa e suas doutrinas, partem para um outro tipo de agressão, talvez mais deletéria do que a agressão física: usam a ironia, estabelecem a dúvida, difamam os opositores, rotulam-nos como pertencentes ou defensores de facções geralmente reprovadas.
Por exemplo: de mim, diriam, talvez que as ideias que ora estou expondo, são “fruto delirante de uma mente esclerosada e senil”.
Ou dirão talvez que sou um retrogrado, conservador, fundamentalista, fascista, incapaz de entender os “ventos da história” ou os “sinais dos tempos”.  E os ”ventos da história” dependem de quem os assopra...
Em verdade eles talvez não tenham entendido o que eu pretendo comunicar; ou porque sua mente está bloqueada pelas doutrinas que professam e que os impedem de livremente pensar, ou porque não entenderam o significado do meu pensamento.
Não podemos esquecer que o IBGE, encontrou, em alunos de ginásio com mais de 15 anos, que cerca  80% são analfabetos funcionais: o que significa que são incapazes de entender e explicar o conteúdo de textos com mais de 15 linhas.
Esta incapacidade os leva a aceitar doutrinas deletérias subliminarmente expostas, sem as submeterem ao crivo de uma elaboração  intelectual esclarecedora; e, ingénuos e por vezes bem intencionados, aceitam confiadamente tudo o que leêm ou ouvem. Geralmente aos mais jovens buscam a justiça, mas por caminhos errados.
Analisando os escritos por outro prisma, me vem à memória um outro facto:
Na trágica e sangrenta guerra que os poderes mundiais inventaram no Ultramar Português, e na qual, ao longo de todos estes anos já teriam morrido ou ficado inutilizados e amputados em seus membros mais de 10 milhões de pessoas, e que a recente abertura e publicação dos arquivos da C.I.A., mostra ter sido resultado de uma torpe vingança do então Presidente John Kennedy, em razão de ter sido negada à sua família o monopólio da exploração do petróleo recém descoberto em Cabinda, do monopólio da exploração da jazida de diamantes da Lunda, do minério de ferro, de tungstênio e de um outro mineral de que não recordo o nome, mas  que sei ser essencial para a confecção das placas exteriores protectoras das cápsulas espaciais, também existentes em Angola.
Sou testemunha da proposta levada ao Governo de Lisboa pela matriarca do clã Kennedy, senhora Rose Kennedy.   E não podemos esquecer que a invasão de Goa pelas tropas indianas foi precedida no dia anterior pela visita da senhora Jaqueline Kennedy ao Sr. Nehru, que lhe levou a autorização americana para o fazer.
E não estou falando do sofrimento das populações, nem da destruição de toda a estructura social existente antes da pseudo-independência, que tenham feito de Angola, outrora a segunda economia de toda a África; apenas perdendo para a África do Sul, nem das brutais e corruptas ditaduras que até hoje dominam o Ultramar outrora Português.
Naquela guerra se passou o seguinte episódio: “Uma companhia de soldados do Exército Português havia cerca de um mês que permanecia em patrulha pelas matas do norte de Angola. Sua alimentação era apensas rações de combate que lhes eram fornecidas. Naquela região uma tribo habitava cujo Soba (chefe tribal) era possuidor de extenso rebanho bovino.
O capitão, comandante da companhia, pediu a um interprete negro que negociasse a compra de uma vaca; para que, ao menos por uma vez, os soldados pudessem comer carne “in natura”.   Ao fim de quási uma hora de diálogo, o capitão impacientou-se e perguntou a outro soldado negro: “mas afinal o que estão dizendo?” – resposta: “Nada meu capitão; por enquanto estão só falando...”
Muitas vezes, ao ler os tais artigos nos jornais, este facto me vem à memória.   E penso: afinal depois desta prolixa verborreia, cheia de palavras incomuns e muito neologismos, a maioria deles sem significado aparente, me pergunto: “O que será que estão querendo dizer?” e tristemente chego à conclusão: “Nada; por enquanto estão só escrevendo; e muitas vezes agredindo, difamando, insultando outros que se atrevem a divergir das ideias por elas adoptadas e propagandeadas.
Mui recentemente, ao rever o filme “As Minas de Salomão” estrelado por Stewart Granger, encontrei uma situação semelhante ao episódio passado em Angola:
Nas florestas da Rodésia, o dirigente de um safari pretendia contratar seis barcos possuídos por uma aldeia situada nas margens de um largo rio, para o poder atravessar com a sua equipagem. Os habitantes da aldeia sentaram-se em largo círculo no terreiro envolvidos pelas cubatas. No meio dele, o chefe tribal e o responsável pelo safari, também sentados, discutiam calorosamente. Os dois ingleses que haviam contratado o safari, depois de bastante tempo perguntaram a um auxiliar negro: “Mais quanto tempo vai ainda demorar a negociação?”  Resposta: “Não muito, buana, duas horas, seis horas, não muito...”
E relembro a conversa de Angola: “por enquanto estão só falando...”
Do conjunto de artigos, escritos por diferentes autores e publicados em sequência podemos inferir as seguintes conclusões: ou melhor dizendo Dogmas para aqueles que as defendem: 
1º - Verdade:
 “é aquilo que convém ao partido no momento dado”.
(disse Stalin num congresso do Partido Comunista em Moscou)
2º - Tratados: 
 “São papéis que se rasga quando nos convém”.
Hitler e Staline, por seus Ministros dos Negócios Estrangeiros, tinham assinado um pacto de não agressão. Do desenvolvimento desse pacto resultou, em 01 de Setembro de 1939 a invasão da Polónia pelas tropas de Hitler, e a subsequente partilha da mártir nação entre a Rússia e a Alemanha.Quando mudou de lado, a Rússia – ou seja Stalin, rasgou o tratado de não agressão com a Alemanha.
3º - A Mentira:
Usada como arma de guerra contra as pessoas e contra as nações. “Menti, menti sempre; porque da mentira alguma coisa fica”. Que mais não seja sempre fica uma persistente suspeição atinente aos objectivos da mentira.
4º - E, como busca de autoridade para as afirmações emitidas, se colocam citações incompletas de frases encontradas em obras de autores clássicos privada de seu contexto original. Isto lhes dá um significado diferente daqueles desejados pelo autor; e muitas vezes sugere ideias opostas aquelas que realmente expressam quando integradas na obra em que foram inicialmente escritas.
Pelo que escrevi; podem-me chamar retrogrado; mas eu continuo a seguir São Tomaz de Aquino quando ensina:
 “É graças ao tempo que a obra colectiva se aperfeiçoa, no sentido em que os pensadores se formam pelas descobertas de seus predecessores e lhes acrescentam as suas próprias reflexões”.
 “Um verdadeiro pensador tem que ter em conta a História”.  E mais ainda: “Um verdadeiro sábio deve ter em consideração as opiniões dos Antigos, seja eles quem forem; e acolher o bem que eles disserem e evitar o mal”.
(Livro Sº Tomaz de Edgar de BruynePag. 97 e 98)
Nunca poderei aceitar o que ouvi dizer, em Lisboa, há muitos anos a um cultor modernista sobre Arte Moderna, em conferência a que assisti:
“É preciso destruir tudo oque está para traz, para depois criar”.   Perguntado: “Mas para construir o quê?” – “Ah isso não sabemos”.
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"Pronúncias do latim e suas consequências"
Acadêmico Nelso Attílio Ubiali

Bons tempos atrás, quando ainda a Rodoviária de Londrina estava na Rua Sergipe ia eu a Maringá, um dos dirigentes da UEL me deteve e me apresentou naquela correria um senhor dizendo-me: “Ubiali, aqui está o  Doutor fulano, professor da  Universidade alemã  tal. Ele já defendeu tese de  Ornitologia sobre pássaros  da região de Foz de Iguaçu, e agora retorna à mesma região, para de lá coletar e classificar  pássaros norte acima da mesma região.  Ele conhece latim e você também; virem-se. 
Perecia uma boiada, um empurrando o outro, e o outro a todos. E nós, apinhados, ficamos de pé, pensando eu nos apuros e na longa caminhada dos sacrificados pesquisadores.
Chegados a Rolândia, comecei a explicar-lhe em latim que estávamos numa cidade de moradores originários da Alemanha e mostrando-lhe: aí está  o monumento representando a Chanson de Rolan, daí o nome da cidade de Rolândia. O tal pesquisador passou-me um olhar, ficou inerte e mudo continuou até eu descer. E eu, meditabundo, lá fiquei a ruminar. Mas alemão sabe mais latim que nós!!
Eu estava acostumado a saber o quadro das pronúncias, mas não me caíra a  ‘ficha’.  De repente veio o insignit. Língua é comunicação e não houve comunicação! O cientista não me entendeu porque usei uma pronúncia alheia à norma acadêmica. Nas Universidades, a pronúncia é a restaurada. 
Em contato com professores do curso de Letras da UNESP, da USP e de outras, fossem professores de Latim ou não todos usavam e usam a pronúncia restaurada.   
Trazemos as Pronúncias do Latim, para, após, fazermos nossas considerações. Vejamos:
Três são as pronúncias do latim:
a) Pronúncia tradicional.
b) Pronúncia eclesiástica ou italiana.
c) Pronúncia restaurada ou reconstituída.

a) PRONÚNCIA TRADICIONAL (Síntese)
APLICAÇÃO
Ler pela tradicional os vocábulos: Caesar, caelum, Sicilia, rosae, legis, legit, regis, regit, vivit, vis, poenulus, civis, patientia, scientia, Jupiter.

b) PRONÚNCIA ECLESIÁSTICA OU ITALIANA (Síntese) 
APLICAÇÃO
Ler pela eclesiástica: caelum, ângelus, caelo, agnus, regis, regina, patientiae, Sicilia, dicere, ducere, legere.

c) PRONÚNCIA RESTAURADA (Síntese)
APLICAÇÃO
Ler pela restaurada: Caesar, caelum, Sicilia, rosae, legis, legit, regis, regit, vivit, vis, poenulus, civis, patientia, scientia, Jupiter, dicit, dicere, vivěre, cívitas, Jovis, caelo, Siciliae.

Pronúncia tradicional
Para estudantes brasileiros, usou-se, na época do Latim nas escolas, a pronúncia tradicional  à brasileira. No seminário palotino, também, apesar de serem os padres alemães, empregavam a pronúncia tradicional. E por que se usava aqui a tradicional brasileira?  Porque a pronúncia tradicional brasileira é a mais parecida com o português, facilitando a aprendizagem do Latim.
Um caso. Os franceses são muito patriotas!! (riso) Um padre contava-nos, rindo, que um Bispo francês esteve celebrando uma missa em São Paulo, empregando a pronúncia (tradicional) francesa. Na hora do Domĭnus vobiscum (O Senhor esteja convosco), virou-se para o povo como de costume na missa da época, e, abrindo os braços, pronunciou o Dóminus vobiscum :
Dó-mi-níís  vo-bis-kínn.
É claro que, engraçado para os nossos ouvidos, a maioria se controlava para não rir. 
Obs.: No Brasil, costumam os acadêmicos de Direito empregar a pronúncia tradicional.

Pronúncia eclesiástica ou italiana   
Na Igreja católica, por uma questão de unidade e entendimento e não deturpação do sentido tanto dos textos sagrados quanto nas mensagens, estabelece o Vaticano a pronúncia eclesiástica ou italiana, podendo-se, entretanto, empregar a pronúncia tradicional do referido país, desde que não o faça fora de seu país, para que não se torne estranho como aconteceu com o Bispo.  Usa-se a pronúncia eclesiástica para que, reunidos ou não, todos  possam entender-se: brasileiros, italianos, franceses, ingleses, alemães, americanos, chineses, japoneses.

Observações:
1. Um dia aparece uma aluna de Latim na sala de permanência com um violão. Professor, eu compus um hino religioso. O Senhor pode ouvir? Claro. No final, perguntou: Que achou? 
- Ótimo, respondi, mas você empregou a pronúncia restaurada e como você sabe, neste caso, temos que usar a pronúncia eclesiástica, ou a tradicional do país, no caso a pronúncia à brasileira.
- Quem é o Senhor, pois eu apresentei ao Dom Albano e ele gostou muito.
- É claro que ele gostou; eu também gostei. Ele devia estar distraído e não observou o detalhe. 
-  Também o prof. Aluysio ouviu e não falou nada.
-  Com ele, deve ter acontecido o mesmo que com Dom Albano. Devia estar distraído.        

2.  Devemos tomar cuidado com pessoas alheias à cultura linguística. A UEL teve, por coincidência, um dos maiores filólogos do Brasil. Todos devem lembrar-se. Foi sempre sucesso nas entrevista com o Jô Soares. Aposentado, foi lecionar numa outra Universidade de Londrina, para auxiliar no entendimento do Curso de Direito. Para vexame, a professora responsável pelo Curso, advogada, desabafou com todos os professores na hora do intervalo (é claro, o professor não estava presente no dia):
- Esse professor é um ignorante. Veja como ele pronuncia o Latim.
Usava ele a pronúncia restaurada, academicamente empregada no mundo todo.

3. Cuidado com a pronúncia. No latim, as palavras devem ser bem pronunciadas, especialmente no final delas, porque é ali que se verifica a função das palavras. O final -rum de amica,  amiga é amicarum e significa das amigas; de amicus,  amigo,  masc . é amicorum, dos amigos. De dies, dia, dierum significa dos dias. 
Um -m no final de um nome indica que ele é o objeto direto da frase. Ex.:  Louvo minha amiga: Laudo amicam meam, ou: amicam meam laudo. Não se pode engolir o –m, como se vê .
Um –bus no final de uma palavra quer dizer que está no Dativo plural, o que quer dizer que é Objeto indireto ou Complemento Nominal, significando aos ou para os. Assim omnibus  (antigamente port. omnibus > onibus e agora ônibus), nosso ônibus significa uma coisa que serve para todos.

Obs.: No Latim não se permite falha de dicção. As falhas de dicção redundaram em transformação do Latim em línguas neolatinas.
Ouve-se alguns pronunciarem o –BUS como se fosse inglês. –BUS  é rigorosamente Latim É um latinismo que pode ser visto  “nos ônibus do mundo todo”.

4. Novamente a pronúncia. 
a- Getúlio Vargas era presidente do Brasil. Visita-o um presidente hispano-
americano, desconhecedor dos meandros do português, mas conhecedor da estrutura da língua, bem como a das línguas neolatinas, 
Getúlio dele se despede:
-  Salve, ilustre itinerante!
Cortesmente, o presidente sul americano responde:
--- Salve, insigne ficante! (ficante é aquele que fica)

b- Revolução de 1924. Em ataque ao Palácio do Governo de São Paulo, Júlio Prestes famoso pela dicção acaboclada, responde a telefonema do Quartel da Força Pública:
- Tem ainda munição?
- Munição? Farta - responde Júlio Prestes.
Com esta resposta, fica tranquilo o Quartel, não mandando munição nenhuma, o que causou prejuízos numa região paulista.
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PALESTRA
"Avaliação da aprendizagem
ou verificação da aprendizagem?
Com que consequências?"
Acadêmica Neusi Berbel


Apresenta-se aqui a síntese de algumas ideias apresentadas durante a reunião, já que foram expostas a partir de eslaides com comentários, exemplos e participação dos Acadêmicos e convidados.
O tema avaliação da aprendizagem é um dos temas mais complexos da educação escolar, em todos os níveis de escolaridade. Trata-se de um tema pedagógico.  Mas não só. Corresponde a uma prática político-pedagógica, pelas consequências que essa prática deixa para a vida das pessoas envolvidas.
Todas as pessoas vivenciam o tema como alunos, desde o momento que adentram a escola na infância !!
São muitos os autores que tratam da temática, a partir de vários pressupostos teóricos, mas aqui serão tomados alguns conceitos que se encontram em Cipriano Carlos Luckesi, para apoiar a reflexão. 
O que significa verificação?
No dicionário Aurélio:  “ato de verificar” = “provar a verdade de”,  “investigar a verdade”, “confirmar”, “corroborar”.
Provém do termo “verificare”, uma junção dos termos  verum   e “facere”, do latim clássico, que significa “fazer-se verdadeiro”.
Semanticamente, verificar significa  constatar.  Ato pelo qual um sujeito constata a existência de alguma coisa, sem tirar consequências para a ação.  Em síntese, verificação é o ato pelo qual se constata e se registra algum fato, acontecimento ou coisa.
Eis alguns exemplos de verificação:  - Verificar se as cadeiras estão na sala; - Verificar se o Aluno conhece o conceito A do autor X ; - Verificar se o Aluno realizou a atividade; - Verificar quantas respostas da prova estão certas.
Agora, o que significa Avaliação?
Etimologicamente, avaliar vem da junção dos termos latinos:  prefixo  a  e  o verbo valere, que  significa “atribuir valor a”.  Tal ato implica na constatação do objeto, mas também na atribuição de qualidade a esse objeto e na retirada de uma consequência para a ação. Isso implica que pela avaliação, se tem uma tomada de posição em relação ao objeto avaliado: quer-se mantê-lo, assim como se o percebe?  Quer-se modificá-lo?  Ou aperfeiçoá-lo?
Avaliar (atribuir valor), então, coloca as pessoas na posição de tomar uma decisão. Exige consequências.  Para que se vai usar os resultados?
Conforme Luckesi, o processo de avaliação da aprendizagem  passa por três momentos ou ações:
1- uma medida da aprendizagem (=verificação) 
2- a  transformação da medida em notas ou conceitos
3- o uso dos resultados ....  Para que se vai usar a informação obtida?
O uso dos resultados é que indica se se está realizando uma verificação ou uma avaliação da aprendizagem.  
São apresentadas a seguir, sinteticamente, algumas características que podem ser extraídas desses dois conceitos e práticas correspondentes, para ampliar ainda mais a clareza em relação a eles:
Na  Verificação, inicia-se pela constatação. Na sequência, quantificam-se as informações, transformando-as em notas ou pontos. Segue o registro desse resultado, que lançado no boletim ou pauta eletrônica, se torna estático. Desse modo, tem-se um resultado excludente e também classificatório.      Na Avaliação, também se inicia pela constatação. No entanto, o passo seguinte é uma qualificação. O professor pergunta: O meu aluno aprendeu? A resposta é seguida por uma decisão de fazer algo para que o aluno que ainda não aprendeu possa aprender. Esse é um processo dinâmico de ação, reflexão sobre os resultados e nova ação, para alterar positivamente a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno. Trata-se, pois, de um processo includente. O aluno é incluído no processo de aprender. O trabalho do professor é reorientador.
Com base nessas características, o que se pode dizer? O que, em geral, se pratica nas instituições escolares? Verificação ou Avaliação?   - Os participantes da palestra concluíram que realmente, o que conhecem que se pratica, em geral, é a Verificação.
Pelo tempo em andamento, após alguns exemplos, passou-se a analisar as consequências da prática dos dois conceitos para o professor, o aluno, para a formação do cidadão e para a sociedade em geral. São reflexões não exaustivas, que podem vir a ser, em outros momentos, ampliadas e explicadas com mais profundidade. 
Consequências para o professor:
A Verificação é mais fácil; mais simples; faz parte de sua formação, de sua vivência; Ele prepara provas, gabaritos, faz médias e registra.
A Avaliação, para ser praticada, precisa clareza do significado dessa ação pedagógica; Requer, do professor, intencionalidade clara, objetivos claros; Requer ação, seguida de reflexão e nova ação reorientadora.
Consequências para o Aluno:
A Verificação requer memorização; reprodução; O erro é punido com nota ou outros comportamentos do professor; O conjunto dessas situações levam à alienação; Os alunos, muitas vezes criam estratégias para burlar o autoritarismo – pela cola.
A Avaliação favorece a comunicação Professor /Aluno em torno de objetivos claros e processos necessários para alcançá-los; O Aluno encontra sentido para os erros e acertos; Ele conta com o Professor para superar dificuldades; Cada superação é fator de avanço, de crescimento, de autonomia; O Aluno passa a estudar para aprender e não para tirar notas.
Consequências para o ser cidadão:
A Verificação/classificação leva os alunos / os indivíduos a habituarem-se a depender do conhecimento fora dele, sem elaborá-lo; Habituam-se a depender das decisões dos outros sobre eles, para eles executarem.
Pela Avaliação, os alunos/ os indivíduos conquistam maior consciência sobre si mesmos, sobre suas capacidades, suas dificuldades e esforços necessários para superá-las; Aprendem a auto-avaliar-se; O outro (o Prof. ou outra pessoa) pode ser apoio ou parceiro nas conquistas, sem precisar  que se dependa dele ou subjugar-se a ele.
Consequências para a Sociedade:
A Verificação/classificação instala nos alunos / nos indivíduos a normalidade da dependência, da exclusão, da punição;  Contribui para a manutenção do autoritarismo.
 A Avaliação contribui para o aprendizado de relações democráticas; Contribui para o desenvolvimento da autonomia do aluno/ser cidadão; Possibilita uma atuação mais consciente, ética e favorável ao meio.
Por essas poucas considerações sobre o tema, é possível concluir que cada postura avaliativa do Professor revela a sua concepção de educação, que está associada, inevitavelmente, a sua visão de mundo, de homem, de sociedade, de conhecimento. O mundo é assim?  Ou está em constante movimento de transformação? O conhecimento é esse? Ou há possibilidades de diferentes olhares para cada objeto? O aluno não sabe? Ou ainda não sabe? E poderá saber se o Professor fizer bem o seu papel!!
A avaliação da aprendizagem é uma prática sistemática de acompanhamento  e reorientação do aluno – já que o que importa é a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento !
A Acadêmica Leonilda Yvonetti Spina fez a entrega
do Certificado de Participação à palestrante
VISITA ILUSTRE
Entre os presentes à reunião, contamos com a honrosa visita da Profa. Zita Kiel Baggio, que fez parte do Departamento de Letras e depois de Ciências Sociais da UEL, deu aula em cursos ginasial, clássico e normal na cidade. Antes, em Curitiba, ingressara na faculdade de Jornalismo, na primeira turma do curso na Pontifícia Universidade Católica. No último ano ela foi indicada para o Colégio Londrinense Zaqueu de Melo, que precisava de uma professora de francês, onde deu aulas nos cursos ginasial, clássico e científico. Depois prestou concurso e lecionou no Colégio Vicente Rijo, optando posteriormente pelo IEEL (Instituto Estadual de Educação de Londrina). Em 1964, a professora Zita Kiel ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Londrina, tendo lecionado por longos anos até se aposentar. Vários dos presentes à reunião foram seus alunos.