Extratos da nossa reunião de 13/12/2015

Casa cheia. Com a leitura do Credo Acadêmico, o Presidente Prof. Leonardo Prota deu início à última reunião da nossa Academia no ano de 2015, passando a seguir a palavra para o Mestre de Cerimônias, Jonas Rodrigues de Matos, que fez as apresentações do dia.

DESTAQUES ACADÊMICOS

Nossa Acadêmica e poetisa Leonilda Yvonneti Spina e o Mestre de Cerimônias Jonas Rodrigues Matos
- Declamação
Pela Acadêmica e poetisa Leonilda Yvonneti Spina
"Pé Vermelho", de sua autoria


Sou “pé vermelho”.
Nasci ouvindo sons de serras,
carroças rangendo nas ruas,
meninos brincando na terra poeirenta,
pés descalços, costas nuas.

Ouvia casos de onças
rondando a redondeza.
Também histórias de índios:
- Caingangues, guaranis...

Passei infância tranquila
caçando sabiás, bem-te-vis,
encantado com muitas lendas
de caiporas, sacis.
(E também de afogamentos 
de marginais, no Tibagi...)
Serão fatos ou boatos?
- São histórias que ouvi...

Diziam que antigamente,
na “Capital do café”
os negócios importantes 
se davam nos cabarés.
O luxo era tal e tanto
que a fama desta cidade
corria por todo canto.

Sou “pé vermelho”.
Nasci amassando barro,
vendo rastro de carro 
fazendo sulco no chão.
Eu não deixo este rincão...
Ah! Não deixo não!

Vi cada dia se erguer 
nova casa de madeira
e crescerem os bordéis.
Ah! Os bordéis...

Vi o asfalto calçando as ruas, 
canteiros de flores na praça,
- o progresso se acelerando
nas espirais de fumaça.
Ah! O namoro na praça!...

O retrato da cidade 
no “lambe-lambe” se apagou...
Hoje ela mudou muito.
Ora... como mudou!
Tantas rádios operando, 
canais de televisão,
colégios, teatros, museus, igrejas,
aeroporto, autódromo, “Zerão”.
Clubes, universidades,
estádios de futebol, “Moringão”. 
(E a garra do “Tubarão”!)

Londrina já tem “calçadão”
pra quem não quer fazer nada
e avenidas repletas
que passam a noite acordadas.

Índios passeiam nas ruas,
vendem cestos, armam tendas.
Distante está meu passado...
Perto estão antigas lendas.

- Vocês já viram Londrina
palpitando, ao meio-dia, 
na Avenida Paraná?
Até parece São Paulo,
no “Viaduto do Chá”!

Sou “pé vermelho”,
corajoso, aventureiro.
Faço tudo pra ganhar dinheiro:
- ao sol, no solo, a pé, na pedra...

Sou artista, corretor...
E tenho um orgulho danado
deste lugar abençoado!
- Sou “pé vermelho”, sim senhor! 
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- Apresentação de conto inédito

Contamos com a presença da Professora, palestrante e agora contista Aurora Fernandes, que nos brindou com a leitura de um dos seus contos, "Descompasso de Amor"que faz parte do seu primeiro livro a ser lançado no início de 2016. A Professora já apresentou em nossa Academia a palestra "De oprimida e explorada a liberta e autônoma: o empoderamento feminino desvendado pelo universo da mulher longeva", em outubro de 2014. Aurora Fernandes é Doutora em psicologia social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, mestre em educação pela Universidade Federal do Paraná, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina. Possui graduação em psicologia pela Universidade de São Paulo, tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Fatores Humanos no Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: aposentadoria, trabalho e tempo livre, psicologia organizacional, envelhecimento e significado do trabalho. 
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- Declamação: "Encontro de Luz"


O Professor Aparecido Guergolette, poeta, Membro Colaborador Cultural de nossa Academia, autor de vários artigos publicados em jornais de Londrina,  apresentou poemeto (como o chama) de sua autoria, intitulado "Encontro de Luz". Antes da apresentação, comentou  que estava caminhando no lago Igapó 2, quando foi abordado por um menino, sem camisa e descalço, aparentando uns 7 ou 8 anos de idade, e lhe pediu um dinheiro. Mas, como estava se exercitando. respondeu-lhe que não tinha dinheiro para dar. O menino disse-lhe: "então eu te perdoo". O garoto saiu caminhando, porém, mancando de um pé, as costas feridas e um lado do rosto, aparentemente queimado.

Naquele momento, o sino da igreja São Francisco de Paulo tocou. Ele [o menino] falou à sua mãe: "escuta o sino batendo lá em Jerusalém: belém, belém, belém". Assim, nasceu o referido poemeto que não fala do Natal, mas fala de Jesus: 


Caminha o menino,/ Em busca do além
E ouve o sino,/ Lá em Jerusalém,/
Belém, Belém, Belém! Lá em Jerusalém.

Caminha o menino,/ Com o pé machucado,
O corpo esquecido/ E o rosto queimado,/
A sede sufoca/ E a fome atordoa,
O caminhante menino,/ Que sempre perdoa.

Com as costas feridas,/ Caminha o menino,/
A meta, o destino,/ O encontro da Luz;/
Que celebra o amor,/ O sangue da Paz,/
E, quem é o menino?/ Uma voz, é Jesus!

Caminha o menino,/ Com o pé machucado,
O corpo esquecido/ E o rosto queimado,/
A sede sufoca/ E a fome atordoa/
O caminhante menino,/ Que sempre perdoa.
E, quem é o menino?/ Uma voz, é Jesus!

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- Visita de Acadêmica


Recebemos a visita de Ofélia Terezinha Baldan, da Academia Itapemense de Letras. Londrinense, morou em Itapema, SC por cerca de três décadas  e está de volta à nossa cidade.
Terezinha, como gosta de ser chamada, declamou uma poesia muito criativa e bem-humorada de sua autoria, sobre os personagens Jesus e Madalena - apenas uma coincidência de nomes - mas que despertou grande suspense. A verdadeira história dos personagens foi revelada apenas no final.
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MOMENTO DE ARTE

Contamos com a presença da artista plástica Neldy Kalau, Colaboradora Cultural da nossa Academia. Filha de pioneiros, há décadas vem ministrando aulas de pintura nesta cidade e tem participado de inúmeras exposições coletivas em variados espaços. Especializou-se em retratar a natureza e os temas de suas obras são principalmente flores e as árvores símbolos do Paraná, araucária e peroba. Possui um número considerável de telas em coleções particulares e em consulados e embaixadas de vários países. É Cidadã Honorária de Londrina.
Neldy trouxe três das suas obras que foram muito elogiadas pelos presentes.
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PALESTRA
“Conto e Romance. O conciso e o vasto na arte literária” 
Dr. Marco Antonio Fabiani *

O palestrante abordou esses dois troncos da arte literária, que trilharam caminhos diferentes ao longo da história da literatura.
A origem do conto se confunde com a própria história da humanidade, por ser uma expressão da necessidade atávica de nós todos de narrarmos aquilo que vemos, que sentimos, cenas do nosso cotidiano. Se levarmos esse raciocínio ao limite é possível apontar traços de contos nas pinturas rupestres nas cavernas pré-históricas. Apesar de sua antiguidade o conto traz ainda hoje resquícios das formas mais primitivas de contar uma história. E no conto moderno iniciado com Poe ele passa a ter verdadeiramente uma forma artística, uma expressão da arte literária.
O romance, com múltiplos focos, enredos mais longos e elaborados já nasce como obra cultural, espelhando seu tempo, captando a complexidade das épocas em que ele nasce.
Como símbolo do romance moderno, citamos Dom Quixote de La Mancha e Robinson Crusoé. Ambos se definem por uma característica essencial do homem moderno que é o desejo reconstruir o mundo conforme sua vontade. Em Dom Quixote, um fidalgo que mata a realidade e reconstrói o mundo como fantasia e Robinson Crusoé que após um naufrágio chega a uma ilha que ele faz como seu mundo idealizado.

* Médico formado pela UEL em 1980. Participou dos movimentos estudantis da década de 70, inclusive escrevendo nos jornais acadêmicos da época. Daí o gosto pela escrita. Em 2004 publicou sua primeira coletânea de contos “Trilhas do fogo”. Em 2005 “Contos de pau e pedra”. E em 2009 “Histórias de um Norte tão velho”. Recebeu Menção Honrosa pelo conto “As três pontas do laço” em 2006 no concurso da Secretaria de Cultura do Paraná. Tem trabalhos publicados nas revistas Cult e Coyote e participa frequentemente de eventos literários na região. Publicou seu primeiro romance “A memória é um pássaro sem luz” em setembro de 2013.

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