Extratos da nossa reunião de 13/09/2015

PALAVRA DO PRESIDENTE


"A MUDANÇA DE PERFIL DOS GRANDES ESCRITORES"


Em nossa reflexão sobre “Leitura: explicitações e implicações”, encerramos o primeiro tópico (em que evidenciamos que o essencial numa boa leitura é adquirir familiaridade com conceitos), afirmando que, em nosso tempo, o escritor consagrado tem audiência limitada: Desapareceu o “intelectual” que se atribuía a função de “profeta”.
Passamos, hoje, à análise do segundo tópico: “A mudança de perfil dos grandes escritores” em que Vargas Llosa discute o assunto. Ele esclarece com propriedade que não se trata do desaparecimento dos escritores consagrados, em sua totalidade, mas de uma determinada categoria. Escreve: “Em nossos dias não existe uma única daquelas figuras que, no passado, à maneira de um Victor Hugo, irradiavam um prestígio e uma autoridade que transcendiam o círculo de seus leitores e do especificamente artístico e delas fazia uma consciência pública, um arquétipo cujas ideias, tomadas de posição, modos de vida gestos e manias serviam de padrões de conduta para um vasto setor.”
A seu ver, o clima histórico que favoreceu o seu aparecimento  resultou do encaminhamento que teve o racionalismo promovido pelo chamado Século das Luzes, “quando os filósofos deicidas e iconoclastas, depois de mata Deus e os santos, deixaram um vazio que a República teve que encher com heróis laicos.”
Com a expansão do desenvolvimento material, que trouxe como consequência o nivelamento dos cidadãos e o esmaecimento do papel das elites, desaparece esse tipo de intelectual.  Num primeiro momento, considerava que a televisão seria o grande instrumento da democracia.
Entendia, então que “essa dessacralização da pessoa do escritor não  me parece uma desgraça; pelo contrário, põe as coisas no seu lugar, pois a verdade é que não implica que quem assim está dotado para a criação literária goze de clarividência generalizada.”
Mais tarde, em 1994, a posição de Vargas Llosa era a seguinte: “Em vez de se deprimir ou se considerar um ser obsoleto, expulso da modernidade, o escritor de nosso tempo deve, isso sim, sentir-se estimulado pelo formidável desafio que significa criar uma literatura que seja digna daquela,  capaz de chegar a esse  imenso público potencial que o espera, agora que, graças à democracia e ao mercado, existem tantos seres  humanos que sabem ler e podem comprar livros, coisa que jamais aconteceu no passado, quando a literatura era, com efeito,uma religião, e o escritor um pequeno deus ao qual rendiam culto e adoravam “as imensas minorias”. Que a cortina fechou-se para os escritores pontífices e narcisos, não há dúvida. Mas o espetáculo pode ainda continuar se seus sucessores conseguirem que seja menos pretensioso e muito divertido.”
Penso que seja oportuno lembrar que Mario Vargas Llosa, nascido no Peru em 1936, e hoje divide seu tempo entre Londres, Paris, Madri e Lima, é um dos mais importantes escritores da atualidade, autor de uma extensa obra literária, vencedor de prestigiosos prêmios, entre eles o Prêmio Nobel de Literatura.
No livro que ele publicou em 2012, com o título de “A civilização do espetáculo – Uma radiografia do nosso tempo e de nossa cultura”, Vargas Llosa considera que aquilo que os meios de comunicação colocaram em lugar da cultura que erigimos no passado reduz-se progressivamente a alimentar as paixões baixas dos comuns dos mortais.
Vejamos, ainda que resumidamente, em que consiste essa reação.
A civilização do espetáculo não substitui a cultura
No livro indicado, Vargas Llosa demonstra que existe hoje, toda uma linhagem de obras, - majoritariamente de origem francesa -, que preconiza a substituição  dos valores tradicionais  por algo que chega a reconhecer-se como contracultura. Entre vários autores, menciona  Frederic Martel , “Mainstream” . (Paris: Flammarion, 2010).
A corrente principal (mainstream) seria a prevalência do entretenimento. Indica Vargas Llosa : Martel não se preocupa de livros “nem de pintura ou escultura, nem de musica ou dança clássica, nem de filosofia e humanidades em geral, mas exclusivamente de filmes, programas de televisão, videogames, mangás, shows de rock, vídeos e tablets, bem como das “indústrias criativas” que produzem, patrocinam e promovem, ou seja, das diversões do grande público que foram substituindo a cultura do passado e acabarão por liquidá-la.”
Destaca que o autor vê com simpatia essa transformação. Parece-lhe que “arrebatou a vida cultural à pequena minoria que antes a monopolizava e a democratizou, pondo-a ao alcance de todos”. E ainda que os conteúdos dessa nova espécie de cultura estariam em consonância com os avanços científicos e tecnológicos em geral.
No entendimento de Vargas Llosa essa realidade não tem merecido a necessária atenção de parte da sociologia e da filosofia. O certo é que a imensa maioria do gênero humano “não pratica, não consome nem produz outra forma de cultura que não seja aquela que, antes, era considerada pelos setores cultos de maneira depreciativa, mero passatempo popular, sem parentesco com atividades intelectuais, artísticas e literárias que constituíam a cultura”. Na visão de Martel essa já teria morrido, sobrevivendo apenas em pequenos nichos sociais, sem influir de modo algum o que se transformaria no fluxo principal.
Afirma Vargas Llosa: “A diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendia transcender o tempo presente, durar, continuar vivos nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer, tal como biscoitos ou pipoca. Tolstoi, Thomas Mann e ainda Joyce e Faulkner escreveram livros que pretendiam derrotar a morte, sobreviver a seus autores, continuar atraindo e fascinando os leitores nos tempos futuros. As telenovelas brasileiras e os filmes de Hollywood, ainda com os shows de Shakira, não pretendem durar mais que o tempo da apresentação, desaparecendo pra dar espaço a outros produtos geralmente bem sucedidos e efêmeros. Cultura é diversão e o que não é divertido não é cultura.”
O ponto fraco desse movimento, diríamos nós, consiste em que a vida não se reduz a entreter-se. A sociedade em que vivemos não é a sociedade do entretenimento. O mundo do trabalho é extremamente competitivo. Não basta ter domínio do funcionamento do tablet ou do celular para assegurar-se um emprego, ainda que vinculado ou dependente da informática.  A autêntica formação profissional não pode prescindir do hábito da leitura e do estudo. O conhecimento não irá sustentar-se graças à simples habilidade em acessar informações.
A par disso, há duas outras circunstâncias que atuariam no sentido de contrapor-se ao mencionado movimento.
A primeira delas diz respeito à perspectiva de desenvolvimento do ensino de nível superior, na previsão do conhecido estudioso norte-americano Nathan Harden, que afirma que o grande desenvolvimento a verificar-se diz respeito ao ensino à distância. As grandes universidades norte-americanas e europeias passarão a ter milhões de alunos, em consequência do que desaparecerão em grande parte os Campi.
Na mencionada modalidade de ensino, o primeiro passo há de consistir em instruir o aluno quanto às formas de estudar. O ensino à distância repousa em dois instrumentos simultâneos e imprescindíveis: um texto de excelente qualidade e um sistema tutorial eficaz. De parte do aluno, se não aprende a estudar não saberá tirar proveito do material de qualidade a que terá acesso, notadamente, de um lado, em adquirir a habilidade de apropriar-se do essencial e, ao mesmo tempo, tirar partido  da possibilidade da acesso ao autor.
A segunda consiste em que na Internet não estão acessíveis apenas os textos simplistas e de informação mínima e superficial. Pode-se acessar material de outra índole, facultados por sites e instituições renomadas.
Na própria televisão, em especial na TV a cabo, há filmes culturais de excelente qualidade. Para citar apenas os ingleses, a BBC e a Open University produzem material de valor excepcional.
Quanto à produção cultural, com exceção talvez da arte plástica contemporânea – que parece ter sucumbido de forma irreversível à mediocridade -, os grandes museus mantêm acesso ao notável patrimônio histórico acumulado pela arte do Ocidente. No que respeita ao cinema, Hollywood enveredou pelo caminho da produção em massa, embora abrigue atores de excepcional qualidade, acha-se ao serviço exclusivo do entretenimento vulgar. Contudo, o cinema europeu tem dado provas da capacidade de resistência.
Na preservação e desenvolvimento do nosso patrimônio musical, sobrevivem tanto nos Estados Unidos como na Europa, instituições que continuam impávidas na sua trajetória, a exemplo do Carnegie Hall.
Registre-se, igualmente, que nos Estados Unidos, o Endowment for Humanities, mantido pelo governo federal, realiza um trabalho notável no âmbito da cultura geral.


Prof. Leonardo Prota
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Mestre de Cerimônias

Nossa reunião foi abrilhantada pela presença de Jonas Rodrigues de MatosMestre de Cerimônias que fez a introdução de cada apresentação. Jonas certamente voltará outras vezes para valorizar ainda mais as reuniões de nossa Academia.
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DECLAMAÇÃO: 
"CANÇÃO DO EXPEDICIONÁRIO"
(de Guilherme de Almeida)
Pela Acadêmica Leonilda Yvonneti Spina

Você sabe de onde eu venho?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Você sabe de onde eu venho?
E de uma Pátria que eu tenho
No bojo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreiro,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacarandá,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz!

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil. 
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APRESENTAÇÃO

"NO PRINCÍPIO ERA O VERBO"
Pela Acadêmica Maria Lucia Victor Barbosa *

Disse Zaratustra, o filósofo de Nietzsche: “Novos caminhos sigo, uma nova fala me empolga; como todos os criadores, cansei-me das velhas línguas. Não quer mais meu espírito caminhar com solas gastas”.
Novos rumos sigo nas veredas da palavra, talvez por ter percorrido antes muitos descaminhos nas trilhas do verbo onde tudo principia ou quem sabe, porque a palavra hoje me conduz de forma mais intensa e não eu a ela. Na verdade não apenas conduz como se leva uma criança pela mão, mas arrebata, subjuga, às vezes aniquila, esgota, pois a palavra pode ser turbilhão de amor. Como paixão de minha vida à qual dedico a existência, sei também que ela é traiçoeira. Foge de mim. Só vem quando cisma de aparecer. É como gato arredio, pois só deita no meu colo quando quer.
Com a palavra sou espadachim: corto, luto, firo e recebo de volta estocadas que ferem meu espírito hoje repleto de cicatrizes. Com a palavra posso fazer sombra, exalar perfume, ser buquê de rosas vermelhas, jasmins-do-cabo ao luar, suave trepidação de borboletas azuis ao pôr-do-sol. Com a palavra volto à casa de meu avô para descrever as cortinas brancas das janelas da grande sala de visita que esvoaçavam quais tênues fantasmas ao alvorecer.
Ah, palavra, à qual me escravizo, minha razão de ser, paixão candente, reverberação de dor. Com ela não tenho fronteiras, rompo mundos, alcanço estrelas, penetro em corações sequiosos de boas palavras e neles semeio sementes de flamboyants.
Ainda mais agora com essa a nona maravilha do mundo ao meu alcance, a Internet, potencializo a palavra e às vezes me vingo fazendo dela picadinho. De fato a Internet é meu “fiat lux”. Através dela, como aprendiz de Deus, crio e me comunico com meus semelhantes. É só querer. Basta intuir. Está ao alcance dos dedos. Está dentro da mente ou no avesso do corpo.
Via computador as palavras são puro instrumento transmental, ligações extracorpóreas, comunicação atemporal, contatos de terceiro grau. Considere-se ainda que nesse universo mágico o que se escreve é de alta periculosidade, pois assim como nele se cria e se mantém também se destrói como na trindade dos deuses do hinduísmo: Brahma, Vishnu e Shiva.  Na internet muitos “crimes” são cometidos através da palavra, pois ela confere tanto o poder de exaltar quanto o de aniquilar sentimentos alheios.
Na palavra às vezes me refugio e ela me expulsa. Quando imploro por seu consolo ela me ignora. E se a quero comigo vai embora sem deixar rastro. Trabalhosa e difícil, sobretudo, quando escrita, me engana, me tortura com seus caprichos e se faz de rogada. E só quem a ela se submete para poder existir conhece o desespero de tentar desvendar seus mistérios. Ainda assim, ama a palavra.
Hoje entendo a simbologia de Thot, o deus dos escribas que pertenceu ao panteon egípcio. Para o povo que viveu na maior das civilizações já havidas, ele era o “senhor das palavras divinas” e os sacerdotes ligados à teologia de Heliópolis o qualificavam como “a língua de Aton”. Ao mesmo tempo, era considerado o inventor da palavra falada e escrita, assim como das fórmulas mágicas que conferiam poder aos deuses. Ele era a inteligência divina, o verbo divino. Também era o deus da lua, o guerreiro desse astro abençoado periodicamente por Seth. Elevado à categoria de demiurgo (criatura intermediária entre a natureza divina e a humana), lhe era atribuído o grito que saído de sua boca criou o universo. Ele era ainda o regulador do tempo e aquele que faz reinar a ordem no universo.
Thot era, pois, o grandioso senhor da palavra e a ele submeto simbolicamente meu incessante lavor que nunca se completa, que nunca satisfaz e que, ainda assim, me arrasta e faz de mim escriba que no Egito antigo era tão valorizado, hoje nem tanto.
O que dirão diante deste texto os que porventura lançarem os olhos sobre ele?  Como traduzirão e decodificarão esses hieróglifos de minha alma? Nunca vou saber o que será alcançado, se produzi o tédio, se levei o leitor a abandonar essas poucas linhas, se conquistarei o plano de outras mentes que à minha virão através da palavra aqui lançada.
De todo modo, apresento aos que me lerem minhas escusas por planar sob os cumes altos da expressão onde é permitida a linguagem mais rarefeita dos sentimentos e dos sonhos.
Como rio caudaloso a palavra me arrastou, se impôs, me dominou. E assim, chego cansada ao final de mais essa jornada, ou seja, desse texto, consciente de que mesmo que um dia perca o pouco que tenho, ainda restará o que de mim faz um ser vivente: o verbo na forma escrita.

* Maria Lucia Victor Barbosa é Acadêmica, socióloga por profissão,
professora por missão, escritora por paixão.

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MOMENTO DE ARTE

Nossa reunião contou com a presença da artista Lais Toffoli. Arquiteta formada pela UEL e  autodidata, a jovem londrinense trouxe algumas telas e esculturas bastante expressivas. Contou que desde pequena tem paixão por desenho, paixão que posteriormente foi transportada para as pinturas e esculturas. 
Sua inspiração vem das formas e cores da natureza e tem como ídolo o expressionista Vincent Van Gogh; nota-se em seus trabalhos a influência do lúdico e da pop art. Apresentou telas pintadas em acrílico (segundo ela, pela impaciência em aguardar a secagem das tintas a óleo), sobressaindo-se em todas elas a cor amarela, através da qual pretende transmitir vida e alegria. 
Suas esculturas, com temas variados, eram feitas em argila; hoje Laís trabalha com papel maché. Em uma das esculturas, esculpiu sobre a cabeça da santa (apresentada na foto) uma coroa inspirada em obra do arquiteto catalão Antoni Gaudi.




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PALESTRA
Apresentação pelo Prof. Elve Miguel Cenci*
"Temas atuais da Bioética"




O Prof. Elve Miguel Cenci  abordou aspectos do debate bioético e foi dividida em três momentos: i) Conceitos fundamentais da bioética: eutanásia, distanásia, ortotanásia, mistanásia e criptotanásia. Também foi abordado o tema “suicídio assistido”. ii) O segundo momento da palestra tratou de quatro conceitos centrais da teoria principialista: autonomia, não meleficiência, beneficiência e justiça. iii) Por fim, foram apresentados três casos para discussão. Caso 1 – Liminar autoriza reprodução post mortem. O caso, ocorrido em Curitiba, envolve uma professora que reivindicou o direito de engravidar do sêmen congelado do marido falecido. A legislação brasileira não proíbe nem autoriza a prática, fato que torna o caso ainda mais complexo. Caso 2 – O caso envolve decisão da 10ª Vara Cível de Londrina favorável à paciente A.F.S.T. Um hospital de Londrina havia solicitado,
mediante ajuizamento de medida cautelar inominada, autorização para realizar, caso necessário, transfusão de sangue, inclusive com o uso de força policial, por se tratar de paciente Testemunha de Jeová refratária à transfusão de sangue. A decisão do magistrado foi favorável à paciente, enfatizando sua autonomia. Caso 3 – Que futuro dar a embriões congelados? O caso 3 discute a polêmica em torno dos embriões congelados. Estimativas do começo da nossa década apontam para um contingente de mais de 100 mil embriões congelados. Apenas entre 2008 e 2010 foram congelados 34.851 embriões no Brasil. O que fazer com tantos embriões? Descartá-los? Utilizá-los em pesquisas? Mantê-los congelados? Doá-los para casais inférteis?


* O Prof. Elve Miguel Cenci é graduado em Filosofia e Direito, Mestre em Filosofia pela PUC do Rio Grande do Sul e Doutor em Filosofia pela UFRJ. Docente desde 1995, atualmente leciona na Graduação em Filosofia e Direito, no Lato Sensu nos cursos de especialização em Filosofia Moderna e Contemporânea e em Filosofia Política e Jurídica. Professor permanente nos Mestrados em Filosofia e Direito Negocial. Advogado, comenta política na Rádio CBN. Pesquisa temas contemporâneos relacionados à Ética, Filosofia Política e Filosofia do Direito, especialmente aqueles relacionados à Bioética.

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