O Silêncio e a Palavra
Leonardo
Prota
Objeto de
reflexão durante estes últimos meses foi a relação entre o silêncio e a
palavra, chegando à confirmação da experiência consolidada durante anos de que
“a palavra pode ser proferida e ouvida somente no silêncio; exterior e
interior.” A palavra produzida no barulho e na turbulência interior pode resultar adulterada e corrompida; daí os possíveis
equívocos em sua interpretação. O ditado popular “a palavra é de prata, o
silêncio é de ouro” reflete claramente a realidade dessa conclusão.
O
fundamento de nossa reflexão é de caráter teológico; encontra-se no Prólogo do
Evangelho de São João: “No Princípio era o Verbo (a Palavra), e o Verbo estava
junto de Deus e o Verbo era Deus. (...) Tudo foi feito por Ele. (...) Nele havia vida (no Verbo, na Palavra) e a
vida era a luz dos homens. (...) E o Verbo se fez carne (o Verbo, a Palavra se
humanizou) e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que um Filho único
recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.”
Tratando-se
da Palavra de Deus na história do cristianismo é oportuno lembrar a exortação do
Papa Bento XVI para a necessidade de recuperar o sentido e o valor da meditação
e da paz interior a fim de possibilitar o entendimento da Palavra na celebração
litúrgica. “A liturgia da Palavra –ele afirma- deve ser celebrada de tal
maneira que favoreça a meditação. O silêncio, quando previsto, deve ser
considerado como parte do rito, de maneira que a Palavra de Deus possa ser
acolhida pelo coração.”
Deus se
manifesta no silêncio e na paz interior; essa é a verdade teológica.
À
semelhança dessa fundamentação teológica, pode-se inferir a reflexão filosófica
com base na experiência e na vivência da cultura humanista. O ser humano
constrói-se como pessoa ao longo de sua existência ao tomar decisões assertivas
diante de um modelo à sua mente, ao seu pensamento. A expressão do seu pensamento
é a palavra; consequência da palavra é a ação. Ora, o pensamento só acontece no
silêncio e se consolida na reflexão e na meditação. Portanto, a palavra,
originada no silêncio do pensamento e corroborada na meditação reflexiva,
somente ela, pode ser considerada portadora da verdade, ou seja, autêntica
representação do pensamento e, consequentemente, apta a facilitar decisões
afirmativas. Por sua vez, a palavra produzida no barulho e na turbulência, não
oferece a certeza da verdade e de sua originalidade, podendo conduzir ao erro e
favorecer decisões negativas.
Podemos
verificar como tudo isso pode acontecer nas várias dimensões da vida humana:
religiosa, política, econômica, moral, social, cultural.
Quanto à
vivência religiosa, os atos litúrgicos, que, por natureza, deveriam
proporcionar aos fieis momentos de espiritualidade e de vida interior, estão
assumindo, em muitos aspectos, manifestações de espetáculo teatral, chegando a
absurdos patológicos de exteriorização de sentimentos, em muitos casos. Pergunta-se,
como é possível auscultar a voz divina no interior de uma alma tão perturbada
por excesso de barulhos externos?
Em
política, os equívocos são igualmente inúmeros. A partir da antífona,
solenemente proclamada por Lula e, ultimamente, confirmada por Dilma, de que a
história do Brasil só começa a ser escrita a partir de 2003, pode-se perguntar:
o que foi feito durante esse período lulodilmista? Sem querer entrar em
polêmica, creio que o maior prejuízo pela verborragia lulista foi o relativismo
universal propalado e praticado ao longo desta última década, de que “todo
mundo faz, portanto é lícito fazer”. Além disso, em política nacional, o
brasileiro não tem serviços à altura dos impostos que paga; entre os trinta
países com a maior carga tributária, o Brasil é o que oferece o pior retorno
em benefício da população em serviços como educação, saúde, saneamento,
infraestrutura e outras responsabilidades do governo, de acordo com estatística
confirmada recentemente. Quanto à politica externa, o oportunismo mais
declarado. Em síntese, o governo não governa; age de acordo com o soprar do
vento: muitas promessas ,poucas realizações. Vive-se no futuro, esquecendo que
o futuro é construído sobre o presente.
Não
querendo abusar do tempo, limito-me a examinar a última dimensão mencionada, a
dimensão cultural. Não pretendo insistir a respeito da precariedade de soluções
do problema educacional, já que continua sendo um problema sem soluções à
vista, porque a sociedade brasileira ainda não assumiu a educação como real
prioridade. Limito-me a salientar a importância exagerada dada ao ensino
superior contra o quase descaso do
ensino fundamental; em particular, a febre na luta de aumentar o número de
alunos no ensino superior visando a idealizada democratização de acesso à
Universidade. Com relação a esse aspecto, permito-me citar o pensamento de
Simon Schwartzman, sobejamente conhecido, mas persistentemente esquecido:
“Existem certos bens sociais que são apreciados pelo benefício intrínseco que
trazem; existem outros, no entanto, cujo valor reside em sua relativa escassez.
Ter saúde é um bem do primeiro tipo; ser um campeão olímpico é um objetivo do
segundo. No primeiro caso, é possível aspirar à democracia e ao igualitarismo:
todos podem e devem, em princípio, ter saúde. Só uns poucos, no entanto, podem
ser campeões olímpicos, na medida em que as medalhas que alguns ganham são as
medalhas que os demais não recebem. Essa distribuição profundamente
antidemocrática das medalhas olímpicas não pode ser alterada através de melhor
treinamento atlético da população: o único efeito disso seria acirrar a
competição, e elevar as marcas dos recordes, sem, no entanto, melhorar a
distribuição. Na realidade, na medida em que mais pessoas entram na competição,
a tendência é piorar cada vez mais a distribuição desses bens”.
A esta
altura, creio seja indispensável esclarecer o conceito de Universidade.
Tradicionalmente, três são os papéis específicos atribuídos à Universidade:
ensino em nível superior, pesquisa científica, serviço à comunidade. Esses
papéis, porém, podem ser próprios também de outras instituições similares.
O elemento específico
que distingue a Universidade das demais instituições é a problemática dos
critérios fundamentais, quer dizer, o questionar sistematicamente os
pressupostos, os conceitos fundamentais, os métodos, os graus de legitimidade,
os limites das diferentes disciplinas e, enfim, as condições da existência da
própria ciência.
Essa problemática constitui a
essência da Universidade, seja no campo da pesquisa como no ensino. É também
diante dessa problemática que a Universidade pode dar sua contribuição mais
significativa à sociedade. É dessa forma que a Universidade pode constituir-se
real instância crítica, em sentido positivo, já que a finalidade da crítica é
contribuir a melhorar a qualidade da existência, ajudando-a a libertar-se de
toda inércia, inclusive a do saber.
Do acima exposto fica evidente
que a tão celebrada democratização de acesso à Universidade é ilusória, primeiro
porque o que pode e deve ser democratizado é o acesso à cultura e não
propriamente à Universidade, cujo acesso é, por natureza, limitado; em segundo
lugar, considerando a essência crítica do existir da Universidade, no Brasil há
um número muito reduzido de instituições que possam levar esse nome em seu
sentido próprio. Percebe-se que a pirâmide do sistema educacional brasileiro é
um amontoado de equívocos, visto que nele a ciência é desvinculada da cultura,
aliás, é aplicada em pleno conflito com a cultura. Tudo isso acontece por falta
de um projeto educacional amadurecido antes de ações intempestivas com base na
ideia de que tudo pode ser desenvolvido por decreto. Um projeto educacional
amadurecido deveria contemplar, com real prioridade, o ensino fundamental.
Quanto ao ensino superior, o
fracasso é devido à falta de base educacional de seus alunos. Uma sólida
educação de base é o passo necessário para a consolidação substantiva do ensino
superior e o avanço civilizatório do Brasil.
Finalizando, o intuito da
presente reflexão não é de caráter pessimista, mas de reforçar a ideia da
necessidade de recuperar o valor e o sentido do silêncio e da meditação a fim
de que a palavra e a ação levem à realização pessoal e social, porque é só no
silêncio que a palavra pode e deve ser produzida e ouvida.
(Foto: Jornal de Londrina)
Sinto uma dor no peito, um sufoco,
Quando menina quis ganhar um violino,
Nunca frequentei especializada escola.
Tive apenas algumas aulas
Quando para lá me dirigia,
-o-
Violino Mudo
Autoria e apresentação da Acadêmica
Leonilda Yvonneti
Spina.
A declamação foi acompanhada pelo som do violino de Fernando Godinho, da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (OSUEL)
Sinto uma dor no peito, um sufoco,
Uma lágrima transbordante,
Um gemido rouco,
Um melancólico e triste ai...
- Por não saber tocar violino
Para alegrar a vida de meu pai!Quando menina quis ganhar um violino,
Julgando que o tocaria logo em seguida.
Ingênua, inexperiente, em minh’alma
Inocente não entendia tal desafio:
- Era preciso estudá-lo anos a fio!...
Eu mesma fui comprá-lo com papai
Na Lapa, em famosa loja
Que alguém recomendara.
E fiquei embevecida com a magia
Da melodia que o vendedor executara.
Com um violinista do bairro
(Dono da Padaria Espanhola...),
Que entre pães e doces
(Divino bom-bocado!)
Fizera-se também músico respeitado. Quando para lá me dirigia,
Levando garbosamente o instrumento,
Alguém me parava a todo o momento,
Com olhar curioso,
Para ver o objeto precioso, diferente,
Em cuja caixa de verniz reluzente
Poder-se-ia mirar, como num espelho.
Ah! Meu velho pai, como gostaria
De ter tocado, com você a meu lado,
A Tarantella, O Sole Mio, ou então,
A singela: Saudades do Matão.
Muito menina, longe do centro a morar,
Era difícil em Conservatório estudar.
O tempo, corcel alado, galopou apressado.
Mergulhei firme no estudo...
(E isso era tudo em minha vida!)
Fui aluna brilhante, modéstia à parte.
Mas... Não cultivei essa arte.
Se me dedicasse à música, como convém,
Por certo, dar-me-ia muito bem,
Como me dei com canto orfeônico,
Que é base para coral,
Com o qual convivo, afinal.
Contemplando o violino mudo,
Esquecido, acho um pecado,
Ter permanecido tanto tempo calado...
Ele ainda guarda, sob madeiros véus,
Faces de primavera iluminando meus céus.
Infinitas cordas desfeitas do arco elegante,
Delgado, lembram do passado distante,
Um sonho inacabado.
Intacto, consistente, também resta o breu,
Para realçar o som que tão cedo emudeceu.
Ah! Violino, como é o destino...
Eis-me feliz, no teatro, prestes a declamar,
Quando ao ouvir Schumann, de repente,
Sinto uma insistente vontade de chorar...
Chora minh’alma, chora meu coração,
Chora todo meu ser,
Por não saber tocar com maestria
O instrumento que alegraria
Tantas noites de Natal em nossa casa!
Emociona-me reviver o tempo que se esvai...
Eu ganhara uma capa, um relógio dourado,
Pequenino, e o majestoso violino
Para entreter os dias de meu pai!
Sei, que muitas alegrias lhe dei.
- Esta não, porém...
Agora, que ele está no além,
Não me escuta os tristes ais...
Embalam-no coros de anjos
Em concertos celestiais.
Para me aquietar o coração
Só me resta pedir-lhe, então:
- Perdão, meu pai! O violino,
Você não ouviu... Mas, por favor:
- Ouça agora este meu hino
De gratidão e amor!
- Quisera tanto tocar violino
Para alegrar a vida de meu pai!
Alguém me parava a todo o momento,
Com olhar curioso,
Para ver o objeto precioso, diferente,
Em cuja caixa de verniz reluzente
Poder-se-ia mirar, como num espelho.
Ah! Meu velho pai, como gostaria
De ter tocado, com você a meu lado,
A Tarantella, O Sole Mio, ou então,
A singela: Saudades do Matão.
Muito menina, longe do centro a morar,
Era difícil em Conservatório estudar.
O tempo, corcel alado, galopou apressado.
Mergulhei firme no estudo...
(E isso era tudo em minha vida!)
Fui aluna brilhante, modéstia à parte.
Mas... Não cultivei essa arte.
Se me dedicasse à música, como convém,
Por certo, dar-me-ia muito bem,
Como me dei com canto orfeônico,
Que é base para coral,
Com o qual convivo, afinal.
Contemplando o violino mudo,
Esquecido, acho um pecado,
Ter permanecido tanto tempo calado...
Ele ainda guarda, sob madeiros véus,
Faces de primavera iluminando meus céus.
Infinitas cordas desfeitas do arco elegante,
Delgado, lembram do passado distante,
Um sonho inacabado.
Intacto, consistente, também resta o breu,
Para realçar o som que tão cedo emudeceu.
Ah! Violino, como é o destino...
Eis-me feliz, no teatro, prestes a declamar,
Quando ao ouvir Schumann, de repente,
Sinto uma insistente vontade de chorar...
Chora minh’alma, chora meu coração,
Chora todo meu ser,
Por não saber tocar com maestria
O instrumento que alegraria
Tantas noites de Natal em nossa casa!
Emociona-me reviver o tempo que se esvai...
Eu ganhara uma capa, um relógio dourado,
Pequenino, e o majestoso violino
Para entreter os dias de meu pai!
Sei, que muitas alegrias lhe dei.
- Esta não, porém...
Agora, que ele está no além,
Não me escuta os tristes ais...
Embalam-no coros de anjos
Em concertos celestiais.
Para me aquietar o coração
Só me resta pedir-lhe, então:
- Perdão, meu pai! O violino,
Você não ouviu... Mas, por favor:
- Ouça agora este meu hino
De gratidão e amor!
- Quisera tanto tocar violino
Para alegrar a vida de meu pai!
-o-
A Origem da Vida
Pelo Acadêmico Paulo Briguet
A imagem mais remota que guardo na lembrança é a de meu pai lendo um livro na sala, sob a luz do abajur. Não há tempo que apague a cena ocorrida há 40 anos. Morávamos em um apartamento pequeno; eu dormia na sala. Menino de 1 ou 2 anos, não poderia imaginar que um fato tão simples – o pai lê um livro na poltrona, sob a luz do abajur – ficaria comigo para sempre. Ouso dizer que naquele momento está a origem da minha vida.
Mais tarde, quando entrei na escola, meu pai me presenteou com vários livros. Astronomia e geografia eram os assuntos que mais me interessavam. Desconfio, no entanto, que meu pai lia algum romance russo ou francês naquela noite.
O pai de Carlos era marceneiro. Não tinha condições de comprar livros para o filho, mas queria que ele estudasse. Numa aula de Geografia, a professora perguntou por que Carlos não estava com o livro da matéria. Ele ficou com vergonha de dizer que o pai não tinha dinheiro para comprar o material. Quando a professora estava a ponto de expulsar o aluno da sala, a colega Mariana se levantou e disse: “O pai do Carlos é marceneiro e um cliente deixou de pagar pelo serviço. Mas, se ele quiser, pode estudar com o meu livro, professora.”
No livro de Mariana, Carlos viu as imagens de países distantes: Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Rússia, Egito, Grécia, Terra Santa, Índia, China, Japão. E prometeu a si mesmo, em silêncio, que um dia conheceria aqueles lugares.
Em seu aniversário, Mateus recebeu um livro de Astronomia como presente dos tios Lia e João. O menino ficou fascinado com a descrição de planetas, estrelas e galáxias. Com linguagem envolvente e belas ilustrações, o livro mencionava a busca de vida extraterrestre e descrevia as condições necessárias para o surgimento dos seres vivos. Mateus nunca mais deixou de pensar no assunto.
Depois de concluir o curso secundário, Paulo mudou-se para a cidade grande. Queria estudar Direito na melhor faculdade do país. Foi até a sede de um cursinho pré-vestibular, onde conversou com o diretor da escola. Com um sorriso simpático, o homem ouviu a história do rapaz de interior que queria vencer na vida. Ao fim, disse: “Vou ser sincero. Não perca o seu dinheiro fazendo cursinho. Acho que você não tem nenhuma chance.” Mesmo assim, Paulo comprou os livros para estudar sozinho.
Carlos, o filho do marceneiro, tornou-se professor universitário e fotógrafo. Conheceu todos os lugares que vira no livro compartilhado por Mariana. Percorreu o mundo, fez imagens e publicou livros. Nunca mais viu a ex-colega, mas até hoje a procura para dizer obrigado.
“Obrigado” é uma palavra que Mateus faz questão de dizer sempre aos tios Lia e João. Ele se tornou pesquisador na área de bioquímica, com estudos sobre a origem da vida. O trabalho de Mateus vem sendo reconhecido por importantes nomes da ciência. Na semana passada, recebeu um convite que poderá mudar sua vida. Escreveu aos tios: “Imediatamente me lembrei daquele livro de Astronomia que vocês me deram quando eu era criança. Agradeço a vocês por terem tido a iniciativa de estimular a mente curiosa de um menininho que queria ser músico, poeta, escritor, astronauta, inventor, cientista...”
Paulo estudou sozinho e passou no vestibular da melhor faculdade do país. Voltou ao cursinho para dar a notícia ao diretor, que o recebeu com elogios: “Parabéns! Na verdade, garoto, eu só queria incentivá-lo a estudar mais.” Nos anos seguintes, Paulo estudou, trabalhou, formou-se, casou-se, mudou para um apartamento pequeno e teve dois filhos.
Paulo é o homem que lia na sala 40 anos atrás. Sob a luz do abajur, meu pai provavelmente tinha nas mãos um romance: Guerra e Paz, Crime e Castigo, Pais e Filhos ou O Tempo Redescoberto. Mas eu gosto de pensar que o livro poderia ter o mesmo título desta crônica.
-o-
A CRIAÇÃO ARGUMENTATIVA
NA
PUBLICIDADE MARGINAL
Prof. Ms. Antonio Lemes Guerra
Junior *
Considerando a onipresença do discurso publicitário na sociedade contemporânea, há a possibilidade de concebê-lo como uma produção humana que se manifesta em diferentes níveis de criação, circulação e recepção. Nesse contexto, delineia-se a chamada publicidade marginal, cuja gênese se distancia dos grandes e poderosos centros midiáticos, materializada em recursos que, embora carentes de algumas marcas da publicidade moderna, cumprem igualmente a sua função persuasiva.
Tais reflexões partem do pressuposto de que, uma vez existentes processos de marginalização na sociedade, os quais posicionam pessoas e lugares no cenário social, é possível que traços de marginalidade sejam percebidos em outros produtos da ação do homem, como as artes e, também, a publicidade.
Trata-se de uma publicidade cuja natureza é determinada por condições técnicas (falta de conhecimento especializado ou de investimentos) ou contextuais (espaço, produto e alvo). Embora marginalizada, ela é dotada de todas as características da publicidade genericamente conceituada, essencialmente persuasiva, acrescidas de certas especificidades, como, por exemplo, seus ambientes de circulação e suas formas de manifestação, também marginais.
Ao ser elaborada, essa publicidade circula em locais bastante específicos do tecido social, como regiões urbanas periféricas, ruas de comércio popular e entorno de terminais rodoviários, marginalizados, sobretudo, devido ao seu nível de localização, aos sujeitos frequentadores, aos tipos de atividades ali exercidas e à sua visibilidade. Nesses locais, manifesta-se de forma variada, por meio de locuções, em que predomina a oralidade, além de cartazes, placas e, especialmente, panfletos, com métodos diversificados de emissão e de recepção, na maioria, informais, mas eficazes.
A partir de discussões e análises amparadas em contribuições da sociologia e das teorias do texto/discurso, é possível aliar as condições sociais à produção de sentidos, confirmando a proposição do construto teórico referente à publicidade marginal, de modo que os estudos em publicidade passem a considerar, de forma mais ampla, essa face do universo publicitário, geralmente, mantida à margem, embora tenha seu espaço na sociedade e, mais que isso, exerça forte impacto nas ações de consumo.
Tais reflexões partem do pressuposto de que, uma vez existentes processos de marginalização na sociedade, os quais posicionam pessoas e lugares no cenário social, é possível que traços de marginalidade sejam percebidos em outros produtos da ação do homem, como as artes e, também, a publicidade.
Trata-se de uma publicidade cuja natureza é determinada por condições técnicas (falta de conhecimento especializado ou de investimentos) ou contextuais (espaço, produto e alvo). Embora marginalizada, ela é dotada de todas as características da publicidade genericamente conceituada, essencialmente persuasiva, acrescidas de certas especificidades, como, por exemplo, seus ambientes de circulação e suas formas de manifestação, também marginais.
Ao ser elaborada, essa publicidade circula em locais bastante específicos do tecido social, como regiões urbanas periféricas, ruas de comércio popular e entorno de terminais rodoviários, marginalizados, sobretudo, devido ao seu nível de localização, aos sujeitos frequentadores, aos tipos de atividades ali exercidas e à sua visibilidade. Nesses locais, manifesta-se de forma variada, por meio de locuções, em que predomina a oralidade, além de cartazes, placas e, especialmente, panfletos, com métodos diversificados de emissão e de recepção, na maioria, informais, mas eficazes.
A partir de discussões e análises amparadas em contribuições da sociologia e das teorias do texto/discurso, é possível aliar as condições sociais à produção de sentidos, confirmando a proposição do construto teórico referente à publicidade marginal, de modo que os estudos em publicidade passem a considerar, de forma mais ampla, essa face do universo publicitário, geralmente, mantida à margem, embora tenha seu espaço na sociedade e, mais que isso, exerça forte impacto nas ações de consumo.
*Graduado em Letras, Mestre e Doutorando em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina e docente na Universidade Norte do Paraná
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