Mesa diretiva, com nossa presidente Pilar Alvares Gonzaga Vieira ladeada pelo palestrante do dia, Prof. Carlos R. Appoloni e nosso Orador, Sergio Alves Gomes
Jonas Rodrigues de Matos, nosso Mestre de Cerimônias. mais uma vez
conduziu os trabalhos
A Acadêmica Dinaura G. Pimentel Gomes fez a leitura
do nosso Credo Acadêmico
Ética
A
base da sociedade é o esforço coletivo para um fim comum. Há vários ideais
estabelecidos para essa finalidade. Do ponto de vista pragmático, o propósito
da sociedade é realizar aquilo que é necessário ao indivíduo e que ele não pode
fazer para si mesmo. Com o passar de cada década, o cidadão se torna mais
consciente de sua dependência, de alguma forma, aos demais membros da
sociedade. Grande riqueza pessoal não diminui essa esperança nos outros. A
abundância que alguém possa desejar, conquistar ou mesmo os projetos culturais
que um filantropo pretende promover, exigem a inteligência de muitas outras
pessoas para que se possam se tornar realidade.
Frequentemente
tem sido relatado, de várias formas, por antropólogos e sociólogos, que o homem
aparentemente expedito e próspero de hoje se sentiria desamparado se colocado
em um ambiente primitivo, sem as facilidades de que normalmente desfruta. Na
maioria dos casos não saberia ele como conseguir alimento em seu ambiente, e
possivelmente nem mesmo seria capaz de aproveitá-lo em sua condição natural.
A
maior parte das pessoas seria, do mesmo modo, incapaz de fabricar suas próprias
ferramentas e de construir habitação conveniente.
Embora
a igualdade entre os homens como idealismo venha, há muito, sido difundida e seja
uma expressão excepcionalmente popular nos tempos que correm, na verdade os
homens não são iguais no mundo físico e intelectual. Há os que possuem maior
fortaleza, mente mais perspicaz, e faculdades mais aguçadas. Todos os homens,
contudo, estão sujeitos ao mesmo instinto de sobrevivência, ao desejo de
prazeres e de satisfação de seus apetites. Consequentemente, aqueles que têm
maiores recursos físicos ou maior capacidade mental para a concretização de
seus objetivos pessoais, cedo conseguem vantagem sobre os seus menos
afortunados semelhantes. Esta minoria mais especialmente aquinhoada assumiria,
em pouco tempo, e como registra a história, o controle da maior parte aos
recursos existentes, em detrimento do restante da sociedade.
A
sociedade, portanto, em seu progresso normal, vem a muito procurando corrigir
esta situação. Na verdade, se assim não fosse, jamais teria havido uma
sociedade verdadeira. Essa situação tem exigido um certo confisco de expressão
de liberdade do indivíduo, e que esse poder seja transferido para a sociedade,
ou para o Estado, coletivamente. Isto, para que a nenhum indivíduo, pelo menos
em teoria, seja negado o direito comum que a sociedade tem estabelecido, ou que
reconhece como própria do indivíduo. Resumindo, o poder de autoridade dos
homens, coletivamente, deve, na sociedade, superar o poder de qualquer
indivíduo.
Como
isto é conseguido?
Pela
lei, costuma-se dizer. E que são leis? Esta pergunta, poderia ser respondida
dos pontos de vista histórico, legal e filosófico.
Para
esta finalidade podemos dizer, que a lei é uma norma imposta a todos os membros
da sociedade, baseada na suposição daquilo que constitui o bem estar dessa
sociedade. Imediatamente, portanto, surge a questão dos valores, a determinação
daquilo que é benéfico ou prejudicial para o indivíduo e para a humanidade como
um todo.
A
história narra detalhadamente a influência moral sobre esses valores. Os
conceitos religiosos dos legisladores têm quase sempre sido o fator principal
na composição de suas estruturas governamentais.
A
imposição de um sistema de leis para a sociedade que não se adaptasse ou que
estivesse em desacordo com as idéias morais de outros, pareceria não somente
desunião, mas desafios por certos grupos, o que resultaria quase sempre em
anarquia.
A
ética, hoje em dia, está mais ligada às nossas necessidades do que a maioria
das normas e leis que preconizam uma base moral.
Isto
porque a Ética está mais associada com as questões sociais. A ética
estritamente falando, consiste de norma, de condutas, de ação, com respeito às
relações individuais para com os outros membros da sociedade em que vive o
indivíduo. Muitos códigos e preceitos éticos baseiam-se ou podem ser
considerados como tendo origem em certos princípios morais. Porém, se há
afinidade entre determinados princípios éticos e morais, isto se deve a esses
princípios morais particulares que foram primeiramente estabelecidos com base
em critérios e conhecimento da necessidade das relações humanas.
Portanto,
existe hoje a tendência de justificar o declínio na questão da ética
individual.
As
atuais pressões, a incerteza, a rivalidade nos empreendimentos, exigem sejam
relegados ao passado muitos padrões éticos.
Qual
o perigo de tudo isto? É a ruptura e o declínio eventuais, completos, da
sociedade. Estamos observando as furtivas sombras de uma tal situação nos
acontecimentos atuais. Eles se constituem de lembretes preocupantes de
civilizações passadas que, do mesmo modo, desprezaram essas defesas.
Fiquemos
vigilantes na preservação de nossos valores éticos e morais a fim de constituir
uma sociedade mais sadia, ética e moral.
Pilar Alvares Gonzaga Vieira
Nosso Momento de Arte contou com a presença da cantora e musicista Yda Katsumi Masaki Pozza, que nos brindou com uma breve apresentação da canção japonesa "Sayonara" cantada à capela e, em seguida, com duas músicas tocadas ao piano.
(Assista a apresentação no vídeo abaixo. Programe tela grande)
"Como eu vejo a Academia"
Acadêmico José Ruivo da Silva
(com leitura da Acadêmica Ludmila Kloczak)
Desde
que aprendeu a pensar, o homem, dito “sapiens”, procura encontrar a “verdade”
aquilo que é: - ontem, hoje e sempre, em sua existência inefável, perene e
imutável. A presença de forças que o transcendem, e sobre as quais não tem
qualquer espécie de poder, e o universo das coisas transitórias que o
circundam, o leva ao encontro de um Ser Absoluto, princípio e fim da existência
de toda e qualquer criatura.
Limitado
no seu ser, no espaço e no tempo, à medida que vai crescendo em seu saber, a
sua limitada capacidade intelectual o leva a ir dividindo os conhecimentos
científicos segundo as suas afinidades existenciais – E surge a Teologia, a
Filosofia, a Medicina, o Direito, a Astronomia, a Geometria, a Matemática e tudo
o mais que hoje conhecemos e que, regressando às origens e aglomerando-se, se
transformam numa única fonte de saber. E a observação da presença da Lei, da
Ordem, da Harmonia, o levam ao encontro do Saber Absoluto. E desse Saber, busca
para si, aquela parcela que sua limitada inteligência pode englobar. E o objeto
na perseguição desse Saber é a Verdade.
Talvez
se possa enquadrar os homens em três classes distintas: os pensadores
aqueles que constroem a ciência, ou melhor dizendo aqueles que são capazes de
descobrir no mundo criado as leis que o Criador nele imprimiu, e as classificam
e delas se utilizam os parasitas, aqueles que destas descobertas se
apropriam e as usam como suas, sem se dignar revelar qual a sua origem, e os
invejosos, que apenas as procuram destruir.
Santo
Alberto Magno (1200 a 1280) já na sua época deles comentava:
“Há
homens que nada produzem em matéria científica, que estão atrasados em relação
ao próprio século, e que, para se consolarem de sua incapacidade, se entretêm
de procurar os erros dos outros. Foram homens desta tempera que mataram
Sócrates e exilaram Platão. Eles estão para o organismo da comunidade dos
trabalhadores da ciência como o fígado está para o corpo humano; pois assim
como a bílis envenena todo o corpo, assim também há, na vida científica, homens
azedos e biliosos, que enchem de amargura a vida dos outros,
impossibilitando-lhes a busca da verdade”.
E
acrescentou: “certos incapazes que nada sabem, querem combater à força o estudo
e a prática da Filosofia. Estão presentes sobretudo entre os pregadores, onde
ninguém lhes resiste e onde, quais nasce os animais, blasfemam sobre aquilo que
ignoram”.
Parece-nos
tão fácil aplicar estas considerações a tantos escrevinhadores, sobretudo que
se dizem ativistas políticos, e que a cada passo encontramos... papagueando nos
meios de comunicação ...
E digo
papagueando porque, como os papagaios, falam mas não pensam naquilo que dizem
ou escrevem; apenas se limitam a expor ideias que outras lhes imprimiram nas
cabeças.
São
Tomás de Aquino, que viveu entre 1225 e 1274, buscando a Verdade, e não a
Vaidade, escreveu:
“A
Ciência e a Filosofia, não são construídas por indivíduos, mas por todo o
gênero humano; a busca da Verdade é obra de toda a humanidade; nela cooperam
todos os homens espalhados pela superfície da Terra; Todas as gerações que se
sucedem no decurso dos séculos.
“Um só
indivíduo genial não consegue dar à ciências, em consequência de seus estudos,
senão uma contribuição mínima, em comparação com a imensidade da Verdade Total.
E, contudo, é da agregação e da ordenação destas inúmeras verdades particulares,
escolhidas e reunidas, que surge algo grandioso”.
“E o
tempo é, de certa maneira, “o inventor da verdade”, e o melhor dos seus
colaboradores na mesma. Com efeito, é graças ao Tempo que o sábio isolado se
aperfeiçoa, clarificando cada vez mais as suas ideias: “é graças ao Tempo que a
obra coletiva se aperfeiçoa, no sentido em que os pensadores se formam pelas
descobertas de seus predecessores e lhes acrescentam a sua própria reflexão”.
Observando
a motivação e o comportamento dos homens em face do Saber, disso, Santo
Agostinho (354-430) o egrégio Bispo deHipona e um dos grandes esteios da
Sabedoria Cristã, escreveu:
“Há
pessoas que desejam saber, só por saber; e isso é curiosidade; outras,
para alcançarem fama; e isso é vaidade; outras para enriquecerem com a
sua ciência; e isso é um negócio torpe; outras, para se edificarem; e
isso é prudência; outras, para edificarem os outros; e isso é caridade”.[1]
Creio,
que, inspirando as nossas Academias, na maioria das vezes, está implícita a
existência simultânea, da Prudência e da Caridade.
Olhando
o Mundo atual, em que a loucura do homem, que de novo escuta a serpente do Éden
dizer-lhe “Sereis como deuses”, vemos que sua soberba e orgulho o levam a
repetir o dizer Nietsche.
“Se houvesse Deus, como suportaria eu não ser
Deus?”
Na
loucura do Mundo atual, essa frase leva todos os cientistas ou pseudocientistas
a julgar que criam alguma coisa, quando na verdade só identificam as leis que
regem o mundo desde a sua origem e as possíveis relações entre elas, e então as
utilizam para o bem e para o mal.
A
Loucura, a Soberba e o Orgulho do homem atual pensa que cria algo, quando ele
apenas recolhe e aplica as leis preexistentes.
O sr.
Isaac Newton não inventou a Lei da Gravidade, apenas a dor de cabeça que lhe
deu a queda da maçã, o levou a descobri-la.
Creio
que estas palavras que escrevi justificam a minha adesão e comprometimento
ativo com os trabalhos da Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina, em
especial no setor História.
Penso
em Aristóteles (384AC-322AC) quando disse: “Quem ignora a História, está
condenado a repeti-la”.
E em
Marcus TuliusCicerus (106AC-43AC) que escreveu: “Viver na ignorância do que
aconteceu antes de nascermos, é ficar sempre na infância. Pois qual é o valor
da vida humana se não a relacionarmos com os eventos do passado que a História
guardou para nós?”
E José
Leite de Vasconcelos (1853-1941): “Quanto mais intenso for o conhecimento de
História, tanto mais firme será a consciência da Nacionalidade”.
Prof.
Heber Soares Vargas: “País que perdeu a sua memória cultural, certamente
perderá a sua Identidade”.
E
penso: para isto caminhamos- atualmente estamos em grave perigo de perder a
nossa Identidade Nacional.
E olhando
os grandes progressos do saber, ficam orgulhosos quando estão tentando
substituir o pensamento humano pela máquina pensante. Isso o leva
progressivamente à perda da capacidade de pensar e à perda da capacidade de
memorizar. Neemias, o sacerdote, quando dirigiu o regresso dos hebreus da
Babilônia para Jerusalém, recitou todo o Antigo Testamento. Santo Antonio de
Lisboa, também era capaz de citar grande parte da Bíblia; ainda hoje nas
escolas corânicas, não são raros os mestres que sabem recitar todo o Corão, o livro
Sagrado do Islamismo.
A
Transmissão do saber de geração em geração se vai dando pelo ensino.
Inicialmente, os mestres englobavam o conhecimento e os alunos acorriam em
busca de seu ensino e seu saber. Depois que se foram estabelecendo ciências que
estudavam fatos afins, primeiro em escolas separadas, até que na Idade Média
surgiram os agrupamentos de estudiosos e se formaram as Universidades, à sombra
das Catedrais, Bispados e mesmo Igrejas paroquiais, nas escolas públicas que
ali funcionavam. Em Portugal a primeira escola pública se abriu no Mosteiro de
Alcobaça em 1154, sob a direção dos Monges de Cister, a quem, D. Afonso
Henriques doou esse Mosteiro [2].
Num
mesmo local se concentravam os estudos dos vários ramos do saber.
Não
sei como começaram, mas na Idade Moderna, um grupo de estudiosos se reúnem em
vários espaços, com o fim de aperfeiçoarem os seus conhecimentos e os
transmitirem entre si e a toda a sociedade.
A
ideia hoje é transformar o homem em algo como um robô, facilmente manobrável; e
controlável; incapaz de pensar, e como tal, privado do poder de decidir.
Quixotescamente,
em luta com forças muito poderosas, a Academia procura recuperar naqueles que a
integram e frequentam, não só a capacidade do reto pensar, como neles incutir o
uso do livre pensamento baseado no perfeito uso da Razão.
Se
procura então o retorno ao Homem integral, espírito, alma e corpo, nele se
desenvolvendo todas as capacidades de que foi dotado: observar, pensar e
livremente decidir, o seu comportamento em face de Deus e dos Homens, na
esperança de atingir o seu fim último, para o qual nasceu, viveu e morrerá: o
entrar na eternidade.
E o
encontro dos vários ramos do saber, permite uma visão mais completa do mundo
que nos rodeia.
Penso
serem estas hoje as nossas Academias: tradicionalmente se reúnam quarenta
membros numa busca de saber mais vasto, a Academia Francesa, por exemplo, ou
num conhecimento mais restrito: Academia de Letras, Academia de Ciências,
Academia de Medicina, etc. Em Londrina, e pelas condições da cidade, se fundou
uma Academia que em si engloba Letras, Ciências e Artes- aquela a que pertenço.
Relembremos
os conceitos:
“Caridade’ é o
dar algo que me faz falta (dar coração)
“Filantropia” é o
dar algo que me sobeja (amor do homem
Creio
eu que nas nossas Academias está implícito simultaneamente a existência da
Prudência e da Caridade.
E é
tarefa hercúlea, num mundo atual em que se está procurando abolir não só a
capacidade de pensar, como o uso do livre pensamento, a atividade da Academia
que busca o retorno ao homem integral, espírito, alma e corpo, com o pleno
desenvolvimento de todas as capacidades com que foi dotado.
Isto é
aquilo que procuramos: o regresso às capacidades do Homem que observa, pensa e
livremente decide seu comportamento na esperança de atingir o seu fim último,
para o qual foi criado, viveu e morrerá.
Assim penso; e assim procuro atuar quanto o permitem os meus quase noventa anos de idade e 25 anos de Acadêmico.
------------------------------------------------------
[1]“caridade” (cor datum – dado coração) - é o dar algo que me faz falta: e o dinheiro neste caso, é o que menos conta.“Filantropia” (Filos- amor do homem) – é o dar aquilo que me sobeja, de que portanto, não necessito. Caridade é sacrifício; abnegação. Filantropia é apenas o desapego de algum bem que se tomou supérfluo.
[2]Dom Afonso Henriques, por parte de seu Pai, o Conde D. Henrique de Borgonha, era primo do grande São Bernardo, o egrégio abade do Mosteiro de Claraval.
Em
Adendo
Estava escrito e impresso o presente opúsculo quando algumas outras ideias surgiram em minha mente, e que aqui acrescento:
Na busca pelo saber, a razão, orientada pela inteligência, procura um caminho para encontrar a verdade. São Tomás de Aquino assim procedia: = Tese: proposta:
“Argumentos contra;
Argumentos a favor;
Conclusões”.
E me parece ser esta a base de um diálogo são e construtivo. Quando os expositores em presença se deixam guiar mais pela emoção do que pela razão, além de tornar inválido o esforço na busca de qualquer entendimento, criam um clima de animosidade que, em vez de congregar, cada vez mais dá lugar ao afastamento; e, em vez do amor entre os homens, querido por Deus (Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo) dá lugar ao ódio que, em última análise leva à perseguição e ao assassinato. E esta morte tanto pode ser uma morte física como uma morte moral; que leva o contendor a ser segregado dentro da própria comunidade. E esta morte pode ser mais dolorosa do que a morte do corpo.
Embora com profundas discordâncias com o pensamento de Voltaire, não posso de deixar de o louvar quando disse:
“Não concordo com uma única palavra
Daquilo que estais dizendo; mas defenderei
Até a morte o teu direito de dizê-lo.
Penso ser estas afirmações perfeitamente aplicáveis nos diálogos havidos na nossa Academia.
Os ataques ou alusões pessoais invalidam qualquer tipo de argumentação e impedem o reto caminho para um provável ou possível consenso.
Em meu pensamento, consenso só é válido quando encontrado num grupo de pessoas com o mesmo nível de cultura e preparação intelectual. Destas diferindo, as motivações passam a ser pessoais e não de interesse comunitário, ou seja, numa busca do Bem Comum.
Como nota final, quereria agora acrescentar algo que, em meu pensamento deveria pautar o nosso comportamento como acadêmicos.
Para lá das divergências de pensamento, que sempre poderão estar presentes (no português antigo se dizia: “cada cabeça, cada sentença”).
Tradicionalmente nos designamos como “confrades” e “confreiras” – palavras originadas de “Frater” – irmão; sendo que, para lá das palavras, nos deveria guiar o amor de irmãos.
Diz um provérbio árabe:
“O amor de um homem por uma mulher, aumenta e diminui como as fases da Lua; mas o amor de irmão para irmão é imutável como as estrelas e duradouro como a palavra do Profeta”.
Não somos irmãos de sangue; mas a busca pela verdade e pelo saber nos irmana nas mesmas aspirações e busca de um sentido para a vida.
Quereria agora muito efusivamente agradecer:
Em primeiro lugar ao nosso Confrade Pro. Miguel Contani que teve a grande caridade de pacientemente ouvir, ordenar e digitar este trabalho.
Depois quereria agradecer à nossa Confreira Profa Ludmila a sua extrema bondade de vir em auxílio das minhas incapacidades; de fato me sinto já como “impróprio para consumo”, e a elas emprestou a sua voz na leitura destas páginas.
E por fim quereria agradecer a todos, a paciência com que ouviram estas mal alinhavadas palavras.
A todos, pois o meu mais caloroso
“Muito obrigado”
Ou o português antigo
“Bem hajam”
Na busca pelo saber, a razão, orientada pela inteligência, procura um caminho para encontrar a verdade. São Tomás de Aquino assim procedia: = Tese: proposta:
“Argumentos contra;
Argumentos a favor;
Conclusões”.
E me parece ser esta a base de um diálogo são e construtivo. Quando os expositores em presença se deixam guiar mais pela emoção do que pela razão, além de tornar inválido o esforço na busca de qualquer entendimento, criam um clima de animosidade que, em vez de congregar, cada vez mais dá lugar ao afastamento; e, em vez do amor entre os homens, querido por Deus (Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo) dá lugar ao ódio que, em última análise leva à perseguição e ao assassinato. E esta morte tanto pode ser uma morte física como uma morte moral; que leva o contendor a ser segregado dentro da própria comunidade. E esta morte pode ser mais dolorosa do que a morte do corpo.
Embora com profundas discordâncias com o pensamento de Voltaire, não posso de deixar de o louvar quando disse:
“Não concordo com uma única palavra
Daquilo que estais dizendo; mas defenderei
Até a morte o teu direito de dizê-lo.
Penso ser estas afirmações perfeitamente aplicáveis nos diálogos havidos na nossa Academia.
Os ataques ou alusões pessoais invalidam qualquer tipo de argumentação e impedem o reto caminho para um provável ou possível consenso.
Em meu pensamento, consenso só é válido quando encontrado num grupo de pessoas com o mesmo nível de cultura e preparação intelectual. Destas diferindo, as motivações passam a ser pessoais e não de interesse comunitário, ou seja, numa busca do Bem Comum.
Como nota final, quereria agora acrescentar algo que, em meu pensamento deveria pautar o nosso comportamento como acadêmicos.
Para lá das divergências de pensamento, que sempre poderão estar presentes (no português antigo se dizia: “cada cabeça, cada sentença”).
Tradicionalmente nos designamos como “confrades” e “confreiras” – palavras originadas de “Frater” – irmão; sendo que, para lá das palavras, nos deveria guiar o amor de irmãos.
Diz um provérbio árabe:
“O amor de um homem por uma mulher, aumenta e diminui como as fases da Lua; mas o amor de irmão para irmão é imutável como as estrelas e duradouro como a palavra do Profeta”.
Não somos irmãos de sangue; mas a busca pela verdade e pelo saber nos irmana nas mesmas aspirações e busca de um sentido para a vida.
Quereria agora muito efusivamente agradecer:
Em primeiro lugar ao nosso Confrade Pro. Miguel Contani que teve a grande caridade de pacientemente ouvir, ordenar e digitar este trabalho.
Depois quereria agradecer à nossa Confreira Profa Ludmila a sua extrema bondade de vir em auxílio das minhas incapacidades; de fato me sinto já como “impróprio para consumo”, e a elas emprestou a sua voz na leitura destas páginas.
E por fim quereria agradecer a todos, a paciência com que ouviram estas mal alinhavadas palavras.
A todos, pois o meu mais caloroso
“Muito obrigado”
Ou o português antigo
“Bem hajam”
"Aplicações da física em Artes e Arqueometria"
Prof. Carlos R. Appoloni *
Foi realizada a apresentação do Laboratório de Física Nuclear Aplicada (LFNA) a UEL (www.fisica.uel.br/gfna), com seus membros, linhas de pesquisa e infraestrutura. A seguir o palestrante discorreu sobre Arqueometria e suas duas divisões: caracterização e datação. Foram apresentados dezenas de exemplos de materiais arqueológicos e de arte estudados pelo ao longo dos anos. Apresentou-se uma breve explicação sobre o que é Fluorescência de Raios X (XRF) e Espectroscopia Raman. Foram apresentados e discutidos os seguintes trabalhos: Estudo de moedas portuguesas de prata dos séculos XIV e XV de Portugal, do acervo do Museu Histórico Nacional, RJ, por XRF portátil; Estudo dos pigmentos de pinturas rupestres das cavernas de Morro Azul, PR, por XRF e Raman portáteis; Estudo por XRF portatil dos pigmentos da pintura "Himeneu travestido assistindo uma dança em honra a Priapo" (séc. XVII), de Nicola Poussin, do acervo do MASP-São Paulo; Estudo dos pigmentos, velatura e aglutinante por XRF portátil, TXRF e Raman da pintura "Moema" (séc. XIX), de Victor Meirelles, do acervo do MASP-São Paulo. O palestrante recebendo seu Certificado de Participação das mãos do nosso Membro Benemérito Dr. Luiz Parellada Ruiz, junto à presidente Pilar Alvares Gonzaga Vieira |
* Bacharel em Física pela USP (1973), Mestrado em Física Nuclear pela USP (1976), Doutorado em Física Nuclear pela USP (1983) e Pós-Doutorado em Física Nuclear Aplicada pela Universitá di Roma La Sapienza (1993). Foi docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL) de agosto de 1976 a março de 2019. Criou o Laboratório de Física Nuclear Aplicada desta universidade (LFNA) em 1977, o qual coordenou até março de 2019. Desde abril de 2019 é Professor Sênior da UEL e membro do LFNA. Atua principalmente nos seguintes temas: transmissão e espalhamento de raios gama, fluorescência de raios X, espectrometria gama, microtomografia com raios X e espectroscopia Raman. Atua como docente e orientador nos cursos de Mestrado e Doutorado em Física da UEL. É Pesquisador do CNPq nível 1B. É Professor Emérito da Universidade Estadual de Londrina desde 2011.